quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Sim, o Brasil já teve sua "Fórmula Can-Am"...

Depois que os militares proibiram as importações de veículos, na vã tentativa de se erguer uma indústria nacional (Ahã, IBAP que o diga, né?), os automobilistas brasileiros começaram por buscar soluções caseiras para compensar a impossibilidade de se importar Porsches, GT40s e Lolas.

Nascia, assim, a Divisão 4. E muitos talentos mecânicos acabariam se revelando.

Muito prazer, Divisão 4.

Não é promessa, mas eu vou tentar abordar cada fabricante de esporte-protótipo nacional daquelas épocas, então espere muita matéria pirateada de outros blogs e sites por aí.

A Divisão 4 começou como uma verdadeira "Força Livre", valia de tudo. E, lógico, não deu muito certo. Afinal, quem tinha um "Vê Oitão" da Ford ou da Chrysler ou um "Seis-Canecos" da Chevrolet tinha óbvia vantagem sobre quem tinha um motor Volkswagen, por exemplo. Daí, a categoria foi dividida em "A" e "B", uma para motores até dois litros, e outra para motores acima de dois litros. Teve um começo fenomenal, com patrocínio da Caixa (Se não me engano), mas aí, dois anos depois, a Caixa foi patrocinar os pilotos que corriam na Fórmula 1 e era muita categoria pra pouca grana. Resultado, os Divisão 4 perderam o patrocínio oficial, e os carros começaram a minguar, até que a categoria finalmente foi extinta.

Uma dica de cinema para quem quer ver a Divisão 4 em ação, é o filme "Roberto Carlos a 300 Quilômetros por hora. A historinha é meio piegas, mas pode-se ver muitos ícones automotivos da época. O personagem de Roberto Carlos, inclusive, pilota um Avallone-Chrysler A11 na corrida que é o clímax do filme. Dá pra se ver até o Fúria.

Esporte-protótipos só iriam reaparecer em 1993, com um Avallone-Chrysler que, com certeza, chamou a atenção, apesar de não ter tido um bom resultado. Isso despertou a curiosidade a respeito dos carros-esporte. No Ceará, surgiu o Próton, que foi adotado por ninguém menos que Nelson Piquet com motor BMW 2.0 e virou o Espron.

O Próton, antes de virar Espron. Tinha motor e câmbio de Fusca.

O Espron. Motor BMW, mas o câmbio ainda era de Fusca.

Foi a coqueluche. Outros fabricantes de protótipos surgiam.  Almir Donato, que havia transformado seu fora-de-série Aldee GT em um silhouette, criou o Aldee Spyder, talvez o esporte-protótipo mais famoso (E vendido) feito no Brasil. Zeca Giaffone (Me corrijam se eu estiver errado) foi além e colocou um motor Chevrolet V8 de Stock Car em um esporte-protótipo mais "encorpado", fazendo surgir o ZF 01. E muitos outros se seguiram: AS-Vectra, Tango, Tubarão, DIMEP... Até que surgiu a MetalMoro e resolveu fazer um carro-esporte padrão internacional. Tanto é que o construtor do carro foi trabalhar no Reino Unido, onde concebeu o MCR 2000, principal concorrente do Radical em matéria de baixa cilindrada. Mas a MetalMoro tem seu carro de alta cilindrada também, o mais atual é o MR18, que praticamente domina as corridas de Endurance no sul do Brasil .

Com motor Hayabusa V8 3.0 e 480 cv, o MR18 é o bicho-papão das pistas!

E o Ceará voltou a produzir seus esporte-protótipos, colocando no mercado o Spirit, feito sobre a base do Fórmula V 1.8, e correndo até em São Paulo (Como não têm ainda número suficiente para criar uma categoria própria, vão correndo na Força Livre)

A aposta do Spirit está no baixo custo.

Houveram tentativas falhas, também, como a malfadada Brascar, mas isso é assunto pra outros posts.
Ah, sim, por que "Fórmula Can-Am"?
Por causa disto:

Muito prazer, Fórmula Can-Am (Que, como o nome deve entregar, corria no CANadá e nos Estados Unidos da AMérica).

Nenhum comentário:

Postar um comentário