segunda-feira, 9 de junho de 2014

Lá fora - K4-GP... Ou: "NUNCA VI TANTO CARRO NA MESMA PISTA EM TODA MINHA VIDA!!!"

Se você acha que os japoneses inventaram tudo o que tinham que inventar em matéria de bizarrices automotivas, você ainda não viu foi NADA!

Na minha última matéria eu falei dos Kei-Cars (Kei Jidosha), aqueles carrinhos de doce japoneses com motor de moto, quase sem porta-malas e que cabem dentro de uma caçamba de F-1000 (Não sei se cabem, só conjecturei), e quais eram as vantagens e limitações dos bichinhos.

Pois: Eles têm uma categoria de automobilismo própria! Conheçam a K4-GP!

E  OLHA O TANTO DE COMPETIDORES!!! Com certeza, mais de 100 carrinhos numa mesma pista!

Você deve ter notado que há uns "esporte-protótipos" no meio, mas pasmem, não são esporte-protótipos comuns: São esporte-protótipos "Kei", tamanho P, réplicas de esporte-protótipos históricos, com motor de moto ou jet-ski e escala de até 80% do tamanho do original!
(Sim, porque as limitações de cilindrada e potência só são válidas nas ruas; na pista a história é outra!)

A categoria K4-GP é uma série de corridas feitas no Japão para carros de classe Kei Jidosha, algumas delas são corridas endurance, que costumam ser de até 24 horas ou 1000 Km. As classes internas da categoria parecem ser estruturadas de forma a separar carros feitos pra corrida e carros mais "de rua". Há uma gama maior de motores permitidos, até 1500cc, que permitiriam até um Ford Ka correr na categoria. Não se deixe iludir pela aparência pacata dos "cubinhos", alguns deles são bastante modificados e fariam um Gol de Marcas regional daqui do Brasil comer poeira.

Os carros que competem nessa categoria são uma mistura de carros normalmente considerados Kei-Cars, como o Daihatsu Mira (Que foi vendido no Brasil como Daihatsu Cuore), Suzuki Cappuccino e outros, com carrinhos feitos para corrida, que apesar disso mantêm as medidas dos Kei-Cars, sendo cópias em miniatura de carros bem maiores. E por incrível que pareça, também há um forte contingente de carrinhos europeus mais antigos, como o velho Mini Cooper e o Hillman Imp, cujas medidas estão dentro do aceitável na categoria.

Agora, fala sério, acho que a inscrição e o combustível devem ser na faixa, pra ter tanto carrinho na pista! Fico imaginando o desespero dos comissários de pista pra saber qual carrinho tá em qual posição, principalmente quando os líderes começam a ultrapassar os retardatários...

Agora, só pra ser cruel: BABEM NO MINI FORD GT!



terça-feira, 27 de maio de 2014

"Keis" e "Quadriciclos": Por que não?

O Possante vai dar um "break" no Esporte a Motor e tratar de uma ideia que pode beneficiar o trânsito, e até mesmo a qualidade de vida no tocante a automóveis. Algo que já devia ter sido implantado no Brasil faz tempo:
Carros menores, limitados, mas mais baratos e desonerados.
Temos dois conceitos que poderiam ser aplicados no Brasil, um japonês e um europeu. Ambos têm suas óbvias vantagens, e também suas óbvias limitações. Mas seria o caso de se rever o Código de Trânsito.

Vamos começar pelo conceito japonês: O Kei Jidosha (Ou, mais popularmente conhecido, Kei-Car)
(Mazda/Autozam AZ-1)

No Japão, os Kei-Cars (Kei Jidosha) são isentos de alguns impostos, têm desconto em outros, pagam seguro mais barato e você não precisa comprovar que tem garagem, ao contrário dos carros de tamanho convencional. Em troca, a cilindrada máxima permitida é de 660cc (Tipo Yamaha XT) e a potência máxima permitida é de 64 cv, além de possuir comprimento, largura e altura máximos determinados por lei e uma placa especial. Muitos desses carrinhos não têm porta-malas e os que possuem mais espaço interno parecem freezers com rodinhas. Alguns atingem velocidade máxima de 120 Km/h.

O Brasil já importou Kei-Cars (Daihatsu Cuore e Subaru Vivio), mas eles tinham tributação normal, como qualquer outro carro.
(Subaru Vivio vendido no Brasil)

O Brasil já fabricou microcarros (Quem não se lembra do Romi-Isetta?), mas o conceito europeu que existe hoje, o dos Quadriciclos, nunca foi aplicado aqui. Na França, são chamados de VSP (Voiturettes Sans Permis), enquanto que em Portugal são conhecidos também por Veículos Sem Carta, na Grã-Bretanha são chamados de License-Free Vehicles, e nos EUA, de Motorised Quadricycles.
(Aixam Crossline)

Na França e no resto da Europa, os Quadriciclos são ainda mais limitados que os Kei-Cars, com motor (Quase sempre Diesel) de no máximo 500cc e 20 cv, e geralmente, só cabem duas pessoas e um pouco de bagagem. Em compensação, podem ser usados por pessoas sem habilitação e por menores de idade a partir dos 14, 15 ou 16 anos de idade (Varia com o país). Alguns modelos possuem versão elétrica.
(Ligier Nova)

As líderes nesse segmento são as francesas Aixam, Microcar e Ligier (Sim, a da Fórmula 1).
Em certos países, como a Grã-Bretanha e recentemente Portugal, passou a se exigir uma carta de moto e quadriciclo, devido a certos atos de indisciplina com os carrinhos. Nos EUA, eles são proibidos de trafegar em estradas (Dada à velocidade máxima de 50 Km/h ser impraticável nas estradas americanas), sendo restritos à área urbana. Tanto que as versões elétricas lá são chamadas de NEV (Neighborhood Electric Vehicles) e algumas chegam a nem ter portas.
(O Renault Twizy é considerado um NEV [Neighborhood Electric Vehicle] nos EUA)

Como as pessoas geralmente usam os carros para transporte individual, então faria mais sentido um carro menor, que consuma menos, polua menos (Ou nada, se for elétrico) e ocupe menos espaço, seja na rua, seja na calçada. É uma ideia a se pensar. Sugiro até mesmo a volta das placas amarelas com duas letras e quatro números para essa nova categoria de veículos, sejam os "Keis", sejam os "Quadriciclos".

No Brasil, já há uma iniciativa espontânea de um certo Caio Strumiello,que a partir de um quadriciclo (Uma moto de quatro rodas), criou um quadriciclo (Um microcarro), chamado Nanico.
(O Nanico)

Gostaria de receber comentários com opiniões acerca dessa ideia. Saber o que o povo pensa.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Réplicas: Os "Dos" e os "Don'ts"

Recentemente, entrei numa lista de discussão sobre carros esportivos, mais apropriadamente, na parte que fala de réplicas, e cheguei a me interessar por uma. Então, olhei os sites de kitcars e réplicas e notei que algumas dessas oficinas preferem fazer a coisa do jeito fácil, em vez de fazer a coisa do jeito certo.

O que é uma réplica? Para mim, é um carro idêntico a um outro carro que é muito mais caro, mas que pode passar uma impressão semelhante a guiar esse carro muito mais caro. E, para isso, ele precisa seguir algumas diretrizes.

A burrada mais clássica na hora de se fabricar uma réplica é usar um "donor", ou seja, um carro que terá tirada toda sua carroceria, ficando só o chassi e a mecânica. Por que é uma burrada clássica? Porque é muito fácil e, por isso, muito frequente. Por exemplo, pega-se um Pontiac Fiero nos EUA (Aqui, seria mais ou menos um Farus) e tira toda a carroceria, pra colocar uma carroceria, na maioria das vezes, de uma Ferrari (Até o F355, porque o F360 já é mais largo).
Às vezes, e essa burrada eu fico de cara no chão, o veículo "donor" é um veículo de tração dianteira, como um Peugeot 408, que é o mais usado para fazerem-se réplicas burras de Ferrari F360. Quem compra uma réplica de Ferrari feita de um Peugeot ou carro parecido, só quer aparecer, não quer ter a mesma sensação de dirigir um carro que finge estar dirigindo. Porque, não passa pela cabeça, de que o conjunto motor/transmissão devia ficar na traseira, e monta a réplica com a mecânica na dianteira! Já pensou se um desafiante pede um drift? Queria ver alguém fazendo drift com carro de tração dianteira...
E os Porsche com motor de Fusca? Quando é 356, ou vá lá, 550, eu fico quieto. O problema é quando a réplica é de Porsche 911... Não adianta nada a motorização ser parecida, se a potência oferecida é incompatível com o modelo replicado. Isso quando não aproveitam o chassi também.
Carro "donor" é burrada porque limita a réplica às medidas do carro doador, o que às vezes pode acabar entregando a verdadeira origem e fazendo do "orgulhoso motorista", motivo de chacota. Fuja do "donor"! Uma réplica inteligente tem chassi próprio!  

Outra burrada, que geralmente acompanha a do carro doador, é o posicionamento errado da mecânica. Vamos e venhamos, réplica de Ferrari 360 com mecânica na dianteira é pra cair o xibiu da bunda! Sem falar das inúmeras réplicas de carros que, originalmente têm motor central, e a disposição do motor da réplica fica na traseira, como no Fusca. Isso, se o motor também não for de Fusca. Isso era muito comum na década de 70 e 80, quando as importações eram proibidas; felizmente, pelo menos no Brasil, agora, as réplicas baseadas no conjunto mecânico do Fusca são apenas as de modelos Porsche antigos (356, 550). Uma réplica inteligente possui a mecânica posicionada no mesmo lugar que o carro original! 

Às vezes, restrições orçamentárias podem impedir uma reprodução mais fiel de uma réplica, dado o custo do motor às vezes ser maior do que o possível para um bom preço. Pode acontecer, então, de se usar um motor de lay-out diferente do do carro original. Mas há limites. Usar um V6 no lugar de um V8, é economicamente perdoável; Usar um AP, não. O construtor da réplica DEVE saber de preferência quase tudo sobre o carro que será replicado, se possível, até a medida das rodas e pneus. Se o cara não sabe que o Shelby Cobra usa motores V8 Ford e taca um seis-canecos de Opala na réplica, isso é uma burrada.
Por exemplo, motores V12 (Pra réplicas de Lamborghini Diablo, por exemplo) são muito difíceis de se conseguir, mesmo para fabricantes de réplicas, a menos que já tenham os contatos de fora que vendam por um preço camarada. Daí, vale usar um V8 (Desde que não seja americano!), mas um V6 já é vacilo, e um quatro-em-linha é mais vacilo ainda! Uma réplica inteligente deve ter o motor o mais parecido possível com o motor do carro original!

A menos que a réplica em questão não seja de um carro esportivo (Como a do Jaguar XK 120), se ela não possui um desempenho compatível com o do carro que está replicando, é mais uma réplica burra, que só serve pra "aparecer". Uma réplica de Porsche 911 com motor de Fusca é risível. Um fabricante de réplicas deve ter como aferir a potência do motor a ser usado na réplica, e essa potência, se não idêntica, deve pelo menos "convencer". O "ronco" deve ser parecido, também, e pra isso, vale desenhar o próprio escapamento ou, se possível, comprar o escapamento do carro original (Claro, se o lay-out dos motores for idêntico). Se você quer "impressionar" com a tua réplica, ela deve passar dos 200 por hora, ou você fará a alegria da gurizada de Gol Turbo que depois vai postar no Facebook: "Hj fiz uma Ferrari comer poeira, kkkkk". Uma réplica inteligente deve possuir um desempenho convincente!

E, last but not least, uma réplica inteligente deve ter qualidade! Já pensou o mico que será se o teu "Porsche 911" não conseguir fechar a porta direito? Procure por outros clientes da oficina, veja o grau de satisfação deles, confira de perto o trabalho na oficina (Mas sem pentelhar, hein?).
Uma oficina respeitável tem a lista dos clientes com nomes, endereços e telefones. Converse com eles, pegue a opinião deles sobre os produtos da oficina. Se houver muita reclamação, ou se alguns já tiverem passado suas réplicas adiante por conta de problemas mecânicos ou algo assim, procure outro lugar.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Lá Fora: SCCA Club Racing

Todo mundo sabe que, nos EUA, a gasolina corre na veia do povo. Isso se reflete em corridas como as várias ligas de NASCAR, a Fórmula Indy e as fórmulas de acesso, e qualquer coisa que tenha um motor e rodas eles inventam uma categoria pra competir. Não chegam a ser tão loucos quanto os ingleses, mas o gosto herdado chega perto disso.

Uma prova é que os EUA são o país com o maior número de pistas de corrida do mundo inteiro, praticamente cada cidade dos EUA tem sua pistinha, desde um autódromo conhecido mundialmente, como Indianapolis, a uma mera pistinha de 500m de speedway (Uma categoria de motos onde se corre derrapando em círculos).

Por lá proliferam as Club Tracks, que são pistas de asfalto com pouco mais de 1 Km a 2 Km de extensão, usadas para as categorias de Club Racing. Se você não sabe o que é uma Club Track, citarei algumas aqui no Brasil: Autódromo Geraldo Backer (Serra - ES), Autódromo Dito Gianetti/ECPA (Piracicaba - SP), Speed Park (Franca - SP). Em comum, possuem tamanho reduzido, são pouco conhecidas, e sua estrutura permite competições apenas para veículos de baixa potência.

A entidade máxima de Club Racing é a Sports Car Club of America, SCCA. É ela que rege as normas para as mais diversas categorias de carros que abrangem todos os tipos, tamanhos, marcas e idades. É o legítimo Chinelão Caipira.

Separei até um vídeo que mostra uma corrida de 2007, transmitida pelo extinto canal Speed.



Bem que poderia ter esse nível de amadorismo no Brasil, também.Uma categoria parecida com uma mistura de Marcas regional com a Classic, mas com regras mais flexíveis e incentivo à importação de carros usados para competição. O congelamento da GT Brasil acendeu a luz amarela. Se não tivermos clubes dedicados ao esporte a motor amador, o destino do esporte a motor profissional estará selado.

Imaginem, vocês, se não houvessem campinhos de futebol amador, que todo o futebol jogado no Brasil deveria ser profissional e deveras custoso para praticar. Seria o fim do futebol no Brasil em uma questão de anos!

sábado, 26 de abril de 2014

Sinais trevosos se manifestam...

Lembra de quando eu postei, em outubro de 2009, que a Copa e as Olimpíadas seriam anos negros para o esporte a motor no Brasil?
Os primeiros sinais trevosos já se manifestam: Não haverá campeonato de GT no Brasil este ano.
(Tá, a notícia é de Fevereiro, mas eu tava ocupado com outras coisas - Ei, também há vida fora da Net! xD)
A salvação seria a associação com a Fórmula Truck, mas devido a intrigas internas, e também à diferença cabal de público para cada uma das categorias, a parceria foi matada ainda no ovo. Afinal, os grã-finos que gostam de ver carros de centenas de milhares de dólares fritando pneu jamais dividiria arquibancada com os caipiras caminhoneiros, né verdade?

GT, agora, só em 2015, e olhe lá, lembre-se que temos as Olimpíadas em 2016, e que o brasileiro médio não considera o esporte a motor como um... Esporte.

Autódromos? Só o de Goiânia (Novidade) e o de Interlagos (Como sempre) estão sendo reformados. O resto, nenhuma obra nova, Canelinha miou, Curvelo também miou, Camboriú não passou de promessa do Cacá Bueno, Deodoro só vai sair depois das Olimpíadas e olhe lá se vai sair - Talvez saia, RJ não pode ficar sem autódromo - e nenhum outro projeto, de Maringá a Chapecó, de São Miguel do Taipu a Cuiabá, nenhum deles vingou. E, nesse meio-tempo entre antes da Copa e depois das Olimpíadas, nem vai vingar. Pelo contrário, querem transformar o Autódromo de Curitiba em condomínio chique.

Serão três anos de turbulência, então é melhor apertar os cintos, afivelar o capacete e segurar no "PQP".