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domingo, 9 de abril de 2023

Estava planejada uma extensão para o Circuito Centenário!

O circuito de rua mais famoso da História da Bahia seria maior ainda.

Famoso nas décadas de 60 e 80, o circuito de rua do Centenário, localizado em Salvador, na Bahia, teria uma extensão que o espicharia ainda mais. Era umai deia que não foi posta em prática, contudo


 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Mais detalhes sobre o Autódromo de Rio Preto - Aquele que surgiu ANTES de Interlagos

Deste site, eu trago mais informações a respeito do Autódromo, os eventos ocorridos nele e, o principal: Seu formato e medidas. 

(...) O primeiro autódromo brasileiro com um circuito exclusivo para competições de esporte a motor teria sido construído em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, em 1926, 14 anos antes da inauguração de Interlagos.

Na conversa no podcast do Projeto Motor sobre rali e o livro, publicada em janeiro de 2022, o próprio autor do capítulo, o jornalista Luiz Alberto Pandini, confessou que ficou surpreso quando descobriu a existência dessa pista.

“Isso derruba aquela informação que todos nós conhecemos que Interlagos foi o primeiro autódromo do Brasil”, disse Pandini. “Eu fiquei espantadíssimo”, completou.

Utilizando o relato como gancho, o Projeto Motor resolveu buscar mais informações sobre o autódromo de Rio Preto. A história da pista, pouco conhecida nacionalmente e até mesmo nos meios do automobilismo, tem registros importantes na cidade de Rio Preto, tanto em jornais da época quanto em livros sobre a cidade.

Pesquisamos em publicações, conversamos com historiadores e fomos até São José do Rio Preto para conhecermos mais sobre o autódromo, que muito provavelmente foi não só o primeiro do Brasil como de toda da América Latina. E importante destacar: já existia automobilismo no país, porém, estamos falando de uma pista construída especificamente para o esporte, e não um circuito de rua ou estrada.

Como nasceu a ideia da construção de um autódromo em Rio Preto

O projeto de construir uma praça para automobilismo em Rio Preto foi de Romoaldo Negrelli, um empresário descendente de italianos. Natural de Ribeirão Preto, outra cidade forte do interior paulista, Negrelli foi morar ainda criança na Itália com a família. Na Europa, completou seus estudos, se formou em Ciências Econômicas e ainda lutou na I Guerra, chegando a ter a patente de tenente.

No começo dos anos 20, Negrelli retornou ao Brasil e se instalou em Rio Preto, onde se associou a um tio, Evaristo Negrelli, em negócios de comércio de grãos e café. Em 1922, ele se tornou presidente da Associação Comercial e Industrial de Rio Preto (ACIRP).

Entre as várias ideias e influências que ele sofreu e trouxe da Itália, se destaca seu envolvimento com o fascismo. Ao se envolver na vida política local, ele fundou em 1924 o Partido Fascista de Rio Preto, que tinha ligação direta com o Partido Fascista Nacional italiano. Um ano depois, ele foi novamente até o país europeu para receber do próprio Benito Mussolini o título de “Cavalieri della Corona”.  

Em sua bagagem, porém, também vieram outros costumes da Europa. Enquanto esteve fora do país, ele teve contato com automobilismo e, de volta ao interior de São Paulo, acreditou que o esporte a motor poderia ter impulso na região. E assim, em 1925, ele decidiu liderar a empreitada de construir o primeiro autódromo com propósito exclusivo para corridas de carros do Brasil.

Negrelli conseguiu uma área de 42.500 m² na fazenda do amigo Cel. Vitor Brito Bastos. O circuito ficaria localizado onde hoje fica a Rua Bernardino de Campos, região central da cidade de Rio Preto.

Segundo a edição de 19 de agosto de 1926 do jornal “O Município”, naquela semana, Negrelli entrou com um pedido de concessão na Câmara de Rio Preto. Porém, a construção já teria começado muito antes, com notícia da edição de 1º de novembro de 1925 da mesma publicação anunciando que as obras do equipamento já estavam caminhando.

O terreno foi limpo utilizando cavalos e arados para retirar a vegetação, fechado com um cercado e teve instalada infra-estrutura para receber público e até mesmo realizar eventos fechados como festas sociais. O responsável pela obra foi José Bignardi, engenheiro-chefe do Serviço de Topographia e Calçamentos de Rio Preto.

A pista tinha mil metros de extensão com largura aproximada de 15 metros e foi aplainada de forma a seguir especificações técnicas internacionais. O Projeto Motor não conseguiu uma confirmação exata do desenho do circuito, mas por desenhos informais e alguns relatos de provas publicados nos jornais da época, além do fato do traçado ser bastante curto, é muito provável que se tratava de um circuito oval. Até porque é possível verificar na programação que a pista também era utilizada para provas de turfe.

Anúncio das obras do autódromo de Rio Preto
Anúncio das obras do autódromo de Rio Preto (Reprodução/Jornal O Município

Em um segundo momento, já com o autódromo em funcionamento, chegou-se, inclusive, a se estudar uma parceria entre o autódromo e a Sociedade Hyppica de Rio Preto, que negociava participar da administração do equipamento, como foi relatado na edição de 19 de abril de 1927 do jornal “A Notícia”.

A informação sobre o autódromo chegou aos grandes centros do país, ganhando manchetes principalmente na capital paulista. O jornal Estado de S. Paulo publicou em 21 de agosto de 1926 que “segundo notícias de Rio Preto, deu entrada na Câmara Municipal daquela cidade um requerimento pedindo a concessão para ali ser construída uma pista para corrida de automóveis. Os trabalhos de construção desse autódromo, localisado (sic) em um dos mais bellos pontos da cidade próximo ao campo do Rio Preto E. C. foram já iniciados.”

Inauguração e movimentação da sociedade no autódromo

O Autódromo de Rio Preto foi inaugurado no dia 20 de dezembro de 1926 com uma grande festa e ampla programação de corridas e exposição de carros. As primeiras voltas na pista foram realizadas pelo piloto local de origem italiana Arthur Abrigato, amigo e parceiro comercial de Negrelli em uma empresa de transporte de combustível.

Entre os convidados estavam Conde Matarazzo, que levou uma Bugatti de sua coleção, o industrial Carlos Jafet e o Almirante Antônio Luís von Hoonholtz, mais conhecido como Barão de Tefé, avô de Manuel Antônio de Teffé, um dos principais pilotos brasileiros da primeira metade do século XX.

Pela pesquisa nos jornais da época, é possível perceber que a programação semanal de corridas passou a ser bastante movimentada, se tornando uma espécie de evento permanente das classes mais altas da cidade. Em um de seus relatos sobre os eventos, “O Município” descreve os domingos no autódromo desta forma:

“Tarde explendida. Tudo que Rio Preto tem de chic e na presença de distinctas pessoas da sociedade rio-pretense, ali presentes realisaram-se (sic) provas admiráveis de automobilismo, corridas de cavallos, corridas de charettes sempre debaixo do maior enthusiasmo do nosso público.”

No carro à direita, uma Bugatti, Romoaldo Negrelli e Arthur Abrigato posam no circuito de Rio Preto
No carro à direita, uma Bugatti, Romoaldo Negrelli e Arthur Abrigato posam no circuito de Rio Preto (Reprodução/Livro “São José de Rio Preto de A a Z”)

As provas normalmente levavam os nomes das marcas dos carros como “Fiat” ou “Ford”, sendo que em algumas delas eram realizados desafios entre os modelos de montadoras diferentes como “Fiat vs Oldsmobile”. Os vencedores ganhavam medalhas de ouro, normalmente concedidas pelo próprio Romoaldo Negrelli.

Mulheres tinham alguma frequência na participação. Em uma das que ganhou mais destaque foi o duelo entre Mariinha Jorge e Rosalinda Negrelli, que aconteceu em 27 de fevereiro de 1927. Com o triunfo, Jorge acabou conquistando o título de “rainha do volante de Rio Preto”.

Na semana seguinte, a campeã recebeu um novo desafio, de Amelia Scaf, que utilizaria um Oldsmobile de seis cilindros contra o Ford da adversária. Segundo o jornal “O Município”, a vencedora ganharia até mesmo um prêmio em dinheiro da fabricante do carro vencedor.

Outro duelo que mexeu com a cidade foi entre o Bugatti de Negrelli e o Dodge do Dr Masbarfer, que tomou as manchetes dos jornais em agosto. Os dois carros foram conduzidos por 100 voltas no pequeno circuito de Rio Preto, com o Bugatti vencendo a prova com uma vantagem de seis voltas. Estes tipos de duelos diretos entre dois competidores aconteciam com alguma frequência no circuito e eram chamados pelos jornais de corridas “à americana”.

Não existe muita dúvida que o autódromo se tornou um sucesso, sendo descrito pelo “A Notícia”, em março, apenas três meses após a inauguração, como “o principal ponto de diversão em nossa cidade”. O furor foi tão grande que Negrelli e Abrigato chegaram a fundar a Associação dos Chauffers de Rio Preto, incentivando mais pessoas da região, incluindo cidades como Taquaritinga e Jaboticabal, a participarem com seus modelos das provas.

Em 20 de julho de 1927, o autódromo foi rebatizado com o nome de Carlos Campos, que foi governador do estado de São Paulo de 1º de maio de 1924 até o dia de sua morte, em 27 de abril de 1927.

Iluminação para recorde de resistência

Um evento que chama a atenção na história do autódromo de Rio Preto é da tentativa de recordes de resistência realizadas pelo piloto descrito como Dr Masbarfer. É possível conferir diversas citações ao episódio em todos os jornais da época durante as semanas que antecederam o acontecimento.

O Dr Masbarfer utilizou um modelo Dodge para tentar percorrer 1.500 milhas de forma ininterrupta. Durante o percurso, seriam medidas suas médias para os recordes nas marcas dos 500 Km, 500 milhas, 1.000 Km. 1.000 milhas, 1.500 Km e 1.500 milhas.

Largando às 11 horas da sexta-feira, 29 de julho de 1927, para conseguir completar toda essa quilometragem, o Dr Masbarfer precisaria atravessar a noite. Por isso, foi providenciada iluminação artificial em toda a trajetória da pista para ele enxergar o trajeto.

No sábado de manhã, os jornais “O Município” e “A Notícia” publicaram as parciais do ritmo do piloto até o fechamento de suas edições na tarde de sexta. No começo da semana, foram publicados os resultados, com o novo recorde brasileiro e sul-americano para os 1.000 Km.

Registro no jornal "A Notícia" do suposto recorde do Dr Masbarfer
Registro no jornal “A Notícia” do suposto recorde do Dr Masbarfer (Reprodução/A Notícia)

Fim abrupto do autódromo de Rio Preto

Apesar do enorme sucesso, o autódromo de Rio Preto durou pouco mais de um ano. Em 1928, Negrelli adoeceu e voltou a Itália em busca de tratamento médico. Ele acabou morrendo pouco tempos depois, em 23 de novembro de 28, no Sanatorio Europa, em Trento.

Proprietário da área onde se encontrava o autódromo, o Cel. Brito Bastos não teve interesse em dar continuidade à administração do circuito e o circuito teve suas atividades prontamente paralisadas para sempre.

O automobilismo brasileiro e no interior de São Paulo continuou crescendo até receber um novo empurrão decisivo em 1940. Após diversos projetos e tentativas frustradas, a capital do estado finalmente inauguraria o autódromo de Interlagos, que na data de hoje é um dos mais antigos do mundo que mantém suas atividades.

NOTA DO ONDASHIZ: Alguém se prontifica a fazer essa pista (Um oval curto de terra) pro rFactor?

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Excelente vídeo de uma campanha pra salvar o AIC

 Houve um debate, acho que na Câmara de São José dos Pinhais, com os feladaputas que querem destruir o AIC pra construir um condomínio-parque, e com aqueles que lutam para manter seu meio de vida em pé e operando. Vou por o vídeo abaixo para que assistam.

As melhores frases do vídeo:
-"Tem gente que vem de outros estados pra ver corrida aqui. Quem que vai vir de outro estado pra ver um parque com laguinho?"
-"Vocês não serão conhecidos como uma empresa que construiu um condomínio; vocês serão conhecidos como a empresa que destruiu o Autódromo de Curitiba."

Se você puder (E quiser), adira à campanha, mesmo que só colocando a hashtag #SaveTheAIC no teu Insta, no teu Face, ou mesmo no teu Twitter.

Segue o video. #SaveTheAIC



segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Agrale Marruá na Pick-Up Racing: Uma estranha no ninho que provou o seu valor

 (Pirateado do Blog Nivelando a Engenharia)


No início dos anos 2000 a Pick-up Racing cresceu no cenário automobilístico brasileiro, reunindo picapes médias como Ford Ranger, Chevrolet S10 e Dodge Dakota, equipadas com motores V6 bi-turbo que chegaram a ser movidos por GNV entre 2002 e 2005. A partir de 2006 os motores passaram a ser alimentados por etanol, resultando em um aumento de potência de 310 para cerca de 400 cv que, em veículos que mantinham o chassi de longarinas e o esquema de suspensão original, eram garantia de emoções e boas disputas nas pistas.

Para 2007 a categoria viveu uma série de novidades: a Vicar, promotora da Stock Car passou a ser a responsável também pela Pick-up Racing, e uma quarta montadora se juntou à disputa, a gaúcha Agrale com a versão picape do veículo militar Marruá. Evolução do projeto original do jipe Engesa, o Marruá nasceu para atender as Forças Armadas brasileiras e serviços off-road pesados, e chegou à categoria por iniciativa de Franco Stedile, com preparação da equipe Gramacho Racing. 

Lado a lado é mais fácil notar as diferenças entre o Engesa EE-12 (esquerda) e o Agrale Marruá (direita).

Conceito e desenvolvimento

Sketch conceitual do Marruá de competição.

Para entender como um carro militar acabou nas pistas de corrida, primeiro devemos conhecer o piloto que tornou isso possível. O gaúcho Franco Stedile é um dos herdeiros do Grupo Francisco Stedile que, entre outras empresas, é proprietário da montadora Agrale. Por alguns anos, Franco competiu na Pick-up Racing utilizando uma picape S10, com patrocínio da Agrale, e com o lançamento do Marruá, o piloto viu na categoria uma oportunidade de promover o produto “da casa”. Ainda que o visual quadradão fosse mais adequado a uma trilha enlameada ou em um rallye todo-terreno, a equipe Gramacho Racing realizou um excepcional trabalho na montagem das duas picapes que competiram pela equipe de fábrica.

A ideia da participação da Agrale na categoria estava em processo de maturação desde 2006, porém a luz verde para o projeto veio apenas em janeiro de 2007, com apenas três meses entre o início da construção dos carros e o primeiro treino realizado em Curitiba no dia 18 de abril. Nas palavras de Alexandre Gramacho: “Foi uma oportunidade para fazer os primeiros ajustes de pista para a etapa de abertura. Trabalhamos, principalmente, no acerto da suspensão, já que as dimensões desse carro (altura, distância entre-eixos, etc) são totalmente diferentes das da S10, modelo que utilizamos no ano passado. O importante foi que não tivemos nenhum problema mecânico”.

O primeiro desafio para converter o Marruá em um carro de pista foi a motorização, visto que o utilitário era equipado apenas com motores diesel MWM. A saída encontrada foi adaptar o conjunto motopropulsor da S10 (motor Vortec 4.3 V6 e transmissão NV3500 manual de cinco marchas) sobre o chassi original da Agrale.

O pacote aerodinâmico seguia o padrão da Pick-up Racing, definido em regulamento para manter a disputa equilibrada. Na dianteira o pára-choques foi substituído por um spoiler em fibra com duas tomadas de ar para os freios dianteiros (1), e dois elementos verticais análogos (2) incluídos para gerar algum downforce na dianteira. Ainda na dianteira podemos ver os alargadores de carroceria, necessários para acomodar os pneus slick, mais largos que os utilizados nas picapes de produção em série, e que contam com aberturas (3) para ventilar as caixas de roda dianteiras. Os freios traseiros recebem ar através de uma tomada dupla (4) e o principal elemento gerador de downforce do carro é a asa traseira (5), de simples elemento e padronizada para todas as picapes.

Na traseira vemos que a caçamba recebeu cobertura rígida (6), solução prática para redução do Cd de uma picape (segundo um estudo conduzido pela SEMA em 2007, a adoção de uma cobertura de caçamba pode representar um ganho entre 5% e 8% no Cd de uma picape – fica a dica para os proprietários de picapes). As rodas traseiras também apresentam pequenas aberturas de ventilação (7) e um difusor, padrão da categoria, foi instalado na traseira (8).

Por ser predominantemente um veículo off-road do Marruá, a suspensão dianteira de eixo rígido foi modificada para as pistas, e a versão de competição foi equipada com o sistema independente de braços oscilantes original da S10, com buchas em nylon. Na traseira, foi mantido o sistema de eixo rígido conforme determinação do regulamento, com o diferencial original da S10. 

Outra adaptação necessária foi a substituição do sistema de direção original Agrale pelo sistema utilizado do Mercedes Classe A nacional. Com tantos novos componentes, a expectativa de Stédile para o Marruá era ambiciosa: desenvolver o carro e buscar a primeira vitória já na primeira temporada. Como veremos abaixo, essas expectativas foram mais do que superadas.

Histórico em competições

A versão de pista do Marruá recebeu diversas críticas quando foi apresentada, com os mais céticos acreditando que o modelo de linhas quadradas não seria capaz de fazer frente às picapes de design mais moderno. Na estréia em Tarumã, a equipe enfrentou dificuldades com o set-up da suspensão, classificando os carros nas distantes 13ª e 15ª posição do grid. Na prova as picapes gaúchas apresentaram um desempenho razoável, em Franco Stédile conseguiu se aproveitar das quebras e acidentes dos competidores para obter a quinta posição final, marcando o que foi considerado uma vitória pelo piloto gaúcho: “Fiz uma corrida tranqüila, escapando dos acidentes e preservando equipamento. Fui beneficiado pelos inúmeros abandonos e acidentes, mas o resultado serviu para mostrar o potencial do carro e da equipe (Gramacho Racing), a quem dedico essa vitória”.

Na segunda etapa, disputada em Curitiba, novamente as picapes Agrale sofreram com problemas nos treinos classificatórios. Após ter ficado entre os 5 primeiros nos treinos livres, Franco Stédile obteve apenas a 12ª posição: “Erramos no ajuste da alimentação do motor, mas o problema maior, que era o acerto de suspensão, foi resolvido”.

Na corrida o bom desempenho se confirmou em um pódio duplo, com Stédile em terceiro e Gramacho em quinto, levando a Agrale à segunda posição no campeonato de construtores e Stédile à segunda posição na classificação de pilotos, nas palavras do chefe de equipe e piloto Alexandre Gramacho: “Foi muito mais do que imaginava. Sabia que o carro estava bom, mas não tinha pretensão de chegar em quinto. Foi como um sonho subir ao pódio”.

A terceira e quarta etapas foram disputadas em formato de rodada dupla no Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília. A primeira prova, disputada no traçado misto de 5.475 metros teve um resultado desastroso para a Agrale, com as duas picapes abandonando a prova logo no início. Dessa forma a segunda prova, disputada no anel externo do circuito, já começava prejudicada pois o grid de largada foi definido pela ordem de chegada da primeira prova, com inversão dos oito primeiros. Na prova, as picapes Agrale tiveram um excelente desempenho e recuperaram diversas posições, repetindo o pódio duplo da etapa de Curitiba.

Para a quinta etapa, realizada no Autódromo Internacional Ayrton Senna em Londrina, o time de pilotos da Gramacho foi alterado com a substituição de Alexandre Gramacho por Rafael Sperafico, dando início a uma série de pilotos da Stock Car convidados para correr pela equipe. Nos treinos, o piloto paranaense mostrou a que veio e conseguiu a excelente terceira colocação, com Stedile largando em 8º após apresentar problemas durante os treinos.

Na corrida, o pole Sérgio Lúcio teve que largar dos boxes devido a um pneu furado quando se dirigia ao grid de largada e o segundo colocado, Herberto Heinen largou mal, de forma que a primeira colocação caiu no colo de Sperafico. Parecia que ia ser a primeira vitória da Agrale na categoria, mas a três voltas do fim saiu da pista deixando a vitória de bandeja para Marcel Wolfart e Franco Stedile obteve manteve a posição de largada. Nesse ponto do campeonato, os críticos do projeto já haviam sido calados, com a confirmação do bom desempenho das picapes Agrale, principalmente nas curvas de baixa e média. 

Dessa forma, a expectativa era alta para a sexta etapa, que seria disputada em Santa Cruz do Sul, um traçado que seria favorável para as características do Marruá, como destacava Franco Stédile após a prova de Londrina: “O traçado favorece o nosso carro, que tem um excelente desempenho em circuitos mais travados”.

Na etapa gaúcha competiram Franco Stedile e Renato Jader David, que obteve a segunda colocação nos treinos da sexta-feira, apenas 30 milésimos de segundo mais lento do que Herberto Heinen, enquanto Stedile sofreu novamente com problemas, dessa vez no eixo traseiro. No treino classificatório, veio a primeira pole-position pelas mãos de Renato Jader David, enquanto Stedile, ainda sofrendo com os problemas da sexta, conseguiu apenas a 12ª posição, a nove décimos do primeiro. Novamente a vitória escapou das mãos da Agrale, desta vez devido a um superaquecimento no motor da picape de Renato Jader David, mas Franco Stedile fez uma excepcional corrida de recuperação chegando em terceiro, posteriormente transformada em quinta posição devido a uma punição após um incidente com Kau Machado.

A sétima e oitava etapas, realizadas em Jacarepaguá, seriam novamente no esquema de rodada dupla adotado em Brasília, Mais uma vez a Agrale demonstrou força, agora tendo Alceu Feldmann como piloto convidado. O paranaense não decepcionou, e dominou o final de semana obtendo o melhor tempo do treino da sexta-feira e também a pole-position para a sétima etapa, com Franco Stedile largando bem próximo na quarta colocação. Na corrida, finalmente veio a primeira vitória da Agrale e Stedile, que havia obtido sua melhor colocação de largada na temporada, acabou abandonando a nove voltas do final. 

Na oitava etapa, Feldmann envolveu-se em um acidente com Aluízio Coelho, mas Franco Stedile fez uma corrida de recuperação e cruzou a linha de chegada em segundo, que se converteu em vitória devido a uma punição de 20 segundos aplicada no vencedor Marcel Wolfart.

O bom resultado embolou a disputa pelo título do campeonato de pilotos, e cinco pilotos chegaram para a última etapa em Interlagos com chances matemáticas de título, incluindo Franco Stedile. Para esta etapa, o piloto convidado da Agrale foi Wagner Ebrahim, que conseguiu a terceira colocação no grid de largada, enquanto Stedile ficou com a sétima posição. Na corrida, Ebrahim obteve na quarta colocação, enquanto Stedile ficou em um distante 11º posto. Apesar de não ter levado o título de pilotos ou de construtores, a equipe Gramacho/Agrale alcançou o objetivo estabelecido no início do projeto de vencer na temporada de estreia. 

Com a aquisição da Pick-up Racing pela Vicar no fim de 2007, o regulamento da competição mudou para um modelo semelhante ao da Stock Car, deixando-se de lado as picapes modificadas e adotando uma estrutura tubular com padronização de câmbio, motor e suspensão e uma carroceria lembrando os modelos de rua, as famosas bolhas. Provavelmente devido a essas mudanças, o interesse da Agrale em competição desapareceu, porém esse não seria o fim da história do Marruá nas pistas.

Com a mudança de regulamento na Pick-up Racing, as picapes antigas simplesmente tornaram-se obsoletas e muitas foram simplesmente aposentadas. Contudo, alguns pilotos viram na Classe II do Campeonato Gaúcho de Endurance uma oportunidade de continuar em atividade, ao ponto que o vice-campeão da Pick-up Racing em 2007, Eduardo Heinen, sagrou-se campeão gaúcho de Endurance na Classe II no ano de 2008. Franco Stédile foi outro a se aventurar no Endurance a bordo do Marruá durante a temporada 2008, incluindo uma participação nas 3 Horas de Santa Cruz do Sul, válida pelos campeonatos gaúcho e brasileiro da modalidade.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Antes de Interlagos, em São Paulo, havia o Carlos de Campos, em Rio Preto

 

Esta é a única imagem do autódromo Carlos de Campos.

Fiquei sabendo disso há meia hora atrás. São José do Rio Preto chegou a ter um autódromo, na década de 20. A seguir, trecho de uma matéria do Diário de Notícias, jornal local, sobre o primeiro carro, os "rallies" e as corridas que ocorriam lá:

"No dia 29 de março de 1920, foi realizada uma reunião na barbearia e perfumaria do capitão Francisco Perroni para discutir a realização de um raid (corrida) de São Paulo a Rio Preto, idealizada pelo Automóvel Clube de São Paulo, em homenagem ao presidente (governador) do Estado, Washington Luís. Mas a corrida não foi realizada por causa da péssima condição das estradas na época. Em 13 de maio, houve uma nova reunião, onde decidiram então fundar o Rio Preto Automóvel Clube.

Em 1926, Romoaldo Negrelli constrói o primeiro autódromo da cidade, batizado com o nome do governador Carlos de Campos. Para correr no seu autódromo, que era um dos primeiros do Brasil, Negrelli trazia convidados da alta sociedade paulistana, como o Conde Matarazzo, o industrial Carlos Jafet e Antônio Luiz Von Hoonholtz, o Barão de Tefé. O jornal "O Município", de 11 de fevereiro de 1927, anunciava a inauguração do autódromo com as presenças ilustres. As mulheres também corriam, como a disputa que deu o que falar entre Mariinha Jorge e Rosalinda Negrelli.

Até o grande campeão europeu, Dr. Masbasfer, com seu possante "Dodge", deu um show em nossa cidade, também em 1927. Ele veio para quebrar o recorde das 250 e 500 milhas. O autódromo precisou ser iluminado para a prova. Com a morte de Negrelli, em 1928, o autódromo foi desativado. Em junho de 1961, o Rio Preto Automóvel Clube promoveu seu I Rallye para angariar fundos para o término da nova sede social, na confluência das avenidas Alberto Andaló e Saudade. Com patrocínio da Refrigerantes Rio Preto e colaboração da Rio Preto Motor, a prova ia de Rio Preto até Termas de Ibirá. O grande vencedor foi Alcidnei Menezes Ramos.

O clube ainda promoveu consecutivamente mais 6 rallies até 1967, sendo que o III foi o mais glamouroso, a ponto de ser matéria de capa inteira de A Notícia, em 12 de fevereiro de 1963. A Cometa Filmes também estava lá. Desta vez, a prova alcançou a cidade Monte Aprazível. Um furor na alta sociedade rio-pretense."


Uma pena que o autódromo só durou dois anos, e não haja nenhuma foto ou desenho do traçado.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Gold Classic - De preliminar da Cascavel de Ouro a categoria própria

Uma prova de clássicos preliminar pra Cascavel de Ouro, a Gold Classic evoluiu e ganhou vida própria.

Com carros tão icônicos como Willys Interlagos, Puma, Opala, Omega, Gol, Fusca, Passat e até mesmo protótipos antigos, a Gold Classic surgiu primeiramente pra "aquecer a pista" pra prova principal, que era a Cascavel de Ouro, corrida comemorativa que acontece no Autódromo Zilmar Beux, em Cascavel-PR.

Os anos foram passando, e a prova coadjuvante chamou mais e mais atenção, principalmente com carros tão diferentes como Porsche 914, Corona Dardo, Bianco S e Farus começando a participar, e mais provas da Gold Classic precisaram ser feitas fora de Cascavel, primeiramente em Interlagos, São Paulo. A categoria é tão procurada que chega a alinhar, nas suas 4 Divisões (Herança do automobilismo dos anos 70...), mais de 60 carros!

Atualmente, as categorias são 8: Divisão 1 (Dividida em Speed [Fusca] e Turismo [Não-Fusca]), Divisão 2 (Dividida em Turismo [Carros de 4 lugares] e GT/Protótipos [Carros de 2 lugares e protótipos]), Divisão 3 (Mesmas subdivisões da Divisão 2) e Divisão 4 (Dividida em Standard [Pneus Radiais] e Premium [Pneus Slick]). As corridas ocorrem em Interlagos, Curitiba e Cascavel (Obviamente), e todas as categorias correm ao mesmo tempo, o que garante um grid bem cheio, com direito a muitas ultrapassagens sobre retardatários. E se acha que isso ainda é pouco, a prova tem duas corridas, uma com o grid formado pelos melhores tempos, e outra com o grid formado pelos resultados da primeira corrida. Ou seja, o carrão que quebrou no meio da corrida 1, larega nos últimos lugares na corrida 2, o que pode gerar muita emoção nas ultrapassagens logo no começo da prova.

Protótipos da antiga Divisão 4, como o Avallone-Chrysler, costumam dar as caras na Gold Classic

Mas isso não significa que a Gold Classic vai deixar de ser preliminar da Cascavel de Ouro. Na verdade, a organização assinou um acordo com a VICAR para uma das provas ser preliminar da Stock Car, também. E como preliminar da Mil Milhas, teve sua primeira prova de longa duração, de 200 milhas.
Pra quem gosta de ver clássicos acelerando sem dó nem piedade, é um prato cheio!


 


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Com "Sangue, Suor e Lágrimas", as Mil Milhas ressurgem!


A promotora com o troféu do vencedor das Mil Milhas 2020
A promotora Elione Queiroz disse que iria resgatar a prova de longa duração e cumpriu a palavra; pena que apenas 40 pilotos acreditaram nela
Por Américo Teixeira Junior – Fotos Cláudio Kolodziej
(Pirateado de Diário Motorsport)



A merecida festa de pilotos que participaram não apenas de uma prova, mas do resgate de uma tradição

Com o tempo de 11h01min00s312, completado na somatória de 360 voltas pelos 4.309m do Autódromo Municipal José Carlos Pace, o Ginetta G55 #16 venceu neste domingo, 16, a prova Mil Milhas do Brasil 2020, que sob nova direção voltou a ser disputada após 12 anos. Os pilotos Ésio Vichiese, Renan Guerra e Stuart Turvey fecharam a maratona com cinco voltas de vantagem para Flávio Abrunhoza, Leandro Ferrari, Marcelo Brizac e Renato Braga, que levaram o Mercedes AMG #20 ao 2º posto. Todos eles fizeram parte de um grupo formado por 40 pilotos, que se dividiram por 12 carros inscritos de sete categorias diferentes.
Se analisado unicamente pela crueza dos números, o evento não reuniu condições para ser classificado como um grande sucesso. Mas seria miopia vê-lo apenas por esse aspecto. A Mil Milhas do Brasil 2020 revelou que é possível, sim, assumir desafios no automobilismo brasileiro, assim como entregar o prometido. Nesse sentido, Elione Queiroz fez sua essa árdua tarefa e deixou muitos impressionados, pois não esperavam que, por trás do sorriso fácil da goiana, estaria uma promotora de primeira linha, empreendedora e corajosa.
A largada tradicional à noite.

Faltaram os pilotos

Há de se fazer um Raio-X do automobilismo atual para tentar entender onde estavam os pilotos. Muito dos quais, convenhamos, lamentaram por anos e com razão, a ausência da Mil Milhas no calendário festivo da cidade de São Paulo. Entretanto, quantos carros não poderiam ter alinhado no grid sob as estrelas da meia noite? Onde estariam as equipes que, nos regionais, realizam um trabalho que só faz celebrar o espírito da Mil Milhas? Onde estariam aqueles que se comprometeram, mas não apareceram?
Mas se o motivo foi a desconfiança, o receio de estar diante de mais um a prometer e não entregar, vai aqui uma boa notícia. A parceria firmada entre a promotora, a Federação de Automobilismo de São Paulo e a prefeitura da cidade é por cinco anos. E já há data para a Mil Milhas do Brasil 2021: 25 de janeiro. Ousaria até dizer que essa segunda edição da nova era da Mil Milhas já tem o apoio quem esteve em Interlagos, dentro e fora da pista, privilegiadamente testemunhando um renascer que promete ser duradouro.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Lola GT - O carro que deu origem ao Ford GT40

(Pirateado do blog italiano Retrovisore, com adaptações)

Foi o fracasso da negociação que deveria ter levado à compra da Ferrari pela gigante americana Ford, que deu origem a um dos mais famosos Gran-Turismo de todos os tempos.

Depois de ter renunciado a qualquer conexão com o mundo do esporte a motor (após uma espécie de pacto de abstenção estipulado tacitamente entre as casas americanas no final dos anos 50), na década seguinte, seguindo os passos da Chevrolet que lançou o Corvette, também a Ford decidiu refazer seus passos e lançar um carro esportivo.

Em 1963, foi decidido que o carro deveria ser um Gran-Turismo com um motor central capaz de exceder 300 horas e manter 200 tempos médios por 24 horas, com o objetivo óbvio de tentar vencer as 24 Horas de Le Mans, a corrida que dava ao projeto vencedor o maior prestígio de todos os tempos. O motor central, em contraste com a tradição dos carros de corrida americanos, derivou do fato de que naquele ano, em Le Mans, a Ferrari 250P venceu com esse layout. Não podendo contar com a experiência da Ferrari, que queria se manter independente, a Ford procurou o Departamento de Veículos Especiais que havia acabado de desenvolver o protótipo do Mustang I, um roadster com motor traseiro, que mais tarde se disse ter sido a inspiração para o próximo GT40.

Na verdade, os executivos da Ford preferiram recorrer àqueles que tinham experiência direta na construção de carros de corrida, e os nomes que saltaram aos olhos da companhia foram os das pequenas casas inglesas Lotus e Lola. A primeira já havia colaborado com o gigante americano para correr em Indianápolis, mas o nome Lotus-Ford não daria a visibilidade desejada para a eventual vitória em Le Mans. Por sua vez, Eric Broadley, proprietário da Lola, havia apresentado recentemente seu GT, um carro compacto com chassi monocoque acionado por um Ford V8 de 4,2 litros que parecia se encaixar perfeitamente nos objetivos da Ford.


Os contatos entre os executivos americanos e Broadley começaram assim que a opção da Ferrari foi naufragada e, assim que o Lola GT provou sua validade na corrida, isso foi tomado como base para iniciar o ambicioso projeto do que seria o Ford GT40. O Lola foi usado como um banco de ensaio para soluções técnicas e aerodinâmicas, enquanto ao mesmo tempo o projeto e o desenvolvimento do novo Ford continuavam, que equipava um V8 de 4,2 litros com a caixa de câmbio Colotti, que na época estava preparada para correr em Indianápolis. Em abril de 1964, em Nova York, foi apresentada a primeira versão do Ford GT40, onde os 40 indicavam a altura de cerca de 1 metro do habitáculo, ou 40 polegadas.



E assim nasceu uma lenda, cuja história todos nós conhecemos...

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

[POSSANTE VIRTUAL] MUUUITA coincidência...

Odeio ter que escrever isto, até porque eu não sou do tipo que gosta de fazer intriguinha e de falar sem conhecimento de causa.
MAS... Coisas importantes precisam ser analisadas a respeito de uma suposta ligação Tito Tilp/Reiza Studios.

Tito Tilp, muitos sabem quem é. Um apaixonado pela história do automobilismo, que tinha como principal passatempo fazer "bolhas" de papel para slot car (O famoso "autorama") com formatos e pinturas dos ícones do automobilismo do passado, em especial a Divisão 3 e a Divisão 4.

Ele também era modder de rFactor, e foi por isso que eu passei a acompanhar o blog dele. Ele estava fazendo alguns mods para os mais chegados dele, mas sempre mostrando umas imagens desses mods para deixar os meros mortais como eu com água na boca, e com alguma esperança de guiar os Pinicos Atômicos (Fusca) ou as Cadeiras Elétricas (Fiat 147).
Ah, e ele tinha um mod maneiro de Kombis, também.

Um certo dia (ou noite, sei lá...) cai uma baita duma tempestade que arrasa com a casa do Tito e fá-lo perder todo o acervo virtual (Não confiar em serviços como MEGA ou Mediafire dá nisso...). Fiquei até com a consciência pesada quando li a notícia, porque eu tinha xingado muito no meu blog, achando que o cara tinha  apagado o mod dele propositalmente. Fora a Divisão 3, ele também tinha mods de pistas, entre elas, a pista de terra de Ascurra, em Santa Catarina.
(Guarde esse detalhe, porque ele é importante.)

Un bello dia (Como naquela música do Fiat Idea), aparece a Reiza e seu Automobilista, beleza, é um RFactor anabolizado, com gráficos super detalhados, batendo de frente com simuladores igualmente pauleiras em matéria de gráficos, como Assetto Corsa, Project Cars e até mesmo o RFactor 2. Tudo nos trinks, nada de suspeito.
Até descobrir que, dentre as novas pistas, havia a pista de terra de Ascurra. É estranho, porque, até onde eu sei, há pistas de terra mais importantes e lembradas, como Chapecó, Joinville, Lontras, Joaçaba, São Bento do Sul e tantas outras, até mesmo fora de Santa Catarina, mas a ÚNICA pista de terra mostrada era a de Ascurra.
A pista do Tito Tilp.

A suspeita começa a crescer quando, dentre as atualizações que a Reiza disponibiliza pra venda, de vez em quando, aparece uma bem particular, chamada "Brazilian Touring Car Classics".
Simplesmente, é o mod da Divisão 3. Com direito a Fusca Pinico Atômico, Gol e Passat da Hot Car, e até um Uno invocado no lugar do Fiat 147 Cadeira Elétrica.

Simplesmente, um mod que seria gratuito (Ou não, vá que o Tito daria uma de Alvarenga, né...) agora estava sendo um mod pago. Tudo aponta para o fato de que a Reiza Studios comprou os direitos sobre os mods do Tito Tilp e deu um tapinha gráfico, daixando os mods no padrão gráfico do Automobilista e tirando as referências claras (Como patrocinadores de época, por exemplo) aos pilotos do passado.
Porque, vamos e venhamos, é MUITA coincidência o fato do Tito Tilp nunca mais ter conversado sobre o assunto (Uma vez que ele gostava tanto do RFactor que o chamava jocosamente de Boneca Inflável), e a Reiza aparecer com um mod IGUALZINHO ao do Tito e também com a ÚNICA pista de terra que era justamente a que o Tito estava desenvolvendo.

E, agora que a Reiza dá fim ao seu primeiro Automobilista (E joga no lixo uma excelente plataforma para usar a mesma engine do Project Cars no vindouro Automobilista 2), não seria uma boa hora converter os mods "perdidos" para o RFactor, e assim corrigir o dano causado por uma tempestade de um lado e pela sanha capitalista de outro?

Consciência pesada? NÃO MAIS.

domingo, 25 de agosto de 2019

Assim era Jacarepaguá ANTES de ser Jacarepaguá...

Lembra um pouco Curitiba e Goiânia, não acha?
Jacarepaguá (o autódromo) não existe mais. Hoje, quem quiser correr no autódromo Nelson Piquet, vai ter que recorrer ao automobilismo virtual.
Mas, antes de ele se chamar "Nelson Piquet, você saboa que ele já se chamou "Nova Caledônia"?
Esse era o nome da companhia de loteamentos que faliu, vendendo sua área para a EGB. que construiu o autódromo na surdina enquanto isso o pessoal já queria resultados após tanbto oba-oba sobre o malfadado autódromo de Adrianópolis. Mas aí, a especulação imobiliária (Sempre ela!) acabou conseguindo fechar o autódromo poucos anos depois de sua inauguração.Foi fechado em 1969 para ser reaberto apenas em 1977, e isso devido a muita pressão dos pilotos, entre eles um certo bicampeão de Fórmula 1 que à época estava lutando para fazer sua equipe ter um resultado positivo.

Para quem quiser colocar a pista no RFactor, eu vou deixar aqui o layout. Não é muito difícil fazer o traçado, a pista é plana.
Sabe o que é mais engraçado nisso tudo? É a História se repetindo.
Na década de 1960, o Autódromo Nova Caledônia surgiu na surdina, enquanto os fluminenses aguardavam pacientemente pelo autódromo de Adrianópolis.
Ano passado, o Plan Speed Park de Campos dos Goytacazes também surgiu na surdina, enquanto os fluminenses aguardam pacientemente pelo infame autódromo de Deodoro.

Em vez de torrar dinheiro em Deodoro...

Por que não retomar um projeto iniciado e paralisado?
A história (E a sina) deste autódromo é a mesma de outros projetos, como SP Races (Cabreúva-SP), Autódromo de Canelinha (Canelinha-SC), Velomax (Lençõis Paulista-SP), o eternamente prometido Autódromo da Bahia (Salvador-BA), Carlos Cunha (Paulínia-SP), TVR (Joinville-SC), Serra Verde (Belo Horizonte-MG) e tantos outros ao longo da história: Muita promessa, muito alarde, muito oba-oba, e no final, nada de pista.

Este autódromo foi um dos primeiros a ser propostos, logo depois de Interlagos! Ele é anterior, inclusive ao Autódromo Nova Caledônia, que foi a primeira encarnação de Jacarepaguá. Falarei dele em outra oportunidade. O assunto é muito extenso, então eu tratarei de piratear um artigo do Bandeira Quadriculada.

O Automóvel Clube do Brasil foi fundado em 1907 com o objetivo de despertar o interesse pelo automóvel entre os brasileiros, a meta principal do clube era dar orientação aos proprietários dos veículos que chegavam ao Brasil. Existiam cerca de 30 veículos em circulação na cidade, o que já causava um pouco de confusão.
A diretoria do A.C.B. na fundação foi: Eng. Dr. Aarão Leal de Carvalho Reis, presidente, e Dr. Marciano Aguiar Moreira, vice-presidente.

A primeira corrida oficial no Brasil foi o "Circuito de Itapecerica", em São Paulo (SP) no dia 26 de julho de 1908  e a segunda corrida oficial no Brasil foi o "Circuito de São Gonçalo" (RJ), realizado em 19 de setembro de 1909.  A idéia era realizar a corrida no Alto da Boa Vista, mas o prefeito Souza Aguiar proibiu sua realização na cidade, levando o Automóvel Clube do Brasil a transferi-la para o município vizinho.

A imagem é de uma das primeiras provas oficiais no RJ, realizada em 1925 e promovida por ocasião da 1ª Exposição Automobilística do Rio de Janeiro, mas não há referência alguma a que tipo de prova era.

Rio de Janeiro foi palco de diversas provas automobilísticas, em sua maioria provas de Quilômetro de arrancada, Quilômetro lançado e Subidas de Montanha, em 1924 teve uma prova na Gávea (praia de Ipanema, av. Niemeyer e Estrada da Gávea), em 1932 a primeira prova de Subida de Montanha. Provas de circuito eram poucas e raras, até que em 1933 foi realizado o "I Grande Premio Cidade do Rio de Janeiro" na Gávea, mas mesmo assim as Subidas e os Quilômetros eram as mais realizadas por serem mais fáceis de organizar, faltavam locais adequados para as corridas.
Desde 1926 o A.C.B. era filiado e representava a FIA no Brasil, era o mandante exclusivo das competições automobilísticas no país.

Na primeira metade do século XX o Circuito da Gávea foi um evento automobilístico de grande expressão no Brasil e relevância internacional. Este circuito aconteceu de 1933 até 1954, com pequeno intervalo entre os anos de 1942 a 1946 devido a Segunda Guerra. O circuito era de grande importância, toda a cidade via-se envolvida com o acontecimento que chegava a atrair 250 mil espectadores para assistir pilotos em suas máquinas correndo pelas ruas dos bairros da Gávea e do Leblon, na Zona Sul da cidade. (clique e veja filme da corrida de 1934)
Devido a posição de destaque que atingiu no calendário automobilístico a corrida da Gávea manteve o Rio de Janeiro como centro do automobilismo no país por décadas. Nos anos 40 foi construído o Autódromo de Interlagos em São Paulo, que mesmo se constituindo como local adequado para a prática do automobilismo suas corridas não conseguiam fazer sucesso igual ao do Circuito da Gávea.

O esporte, no Rio de Janeiro, não se desenvolvia e a perda de prestígio agravada pelas corridas em locais cada vez mais impróprios mostrava que cada vez se tornava mais difícil realizar provas em ruas devido ao aumento do numero de carros e do tráfego, e com o aumento da população os protestos contra a interdição das vias aumentavam.
Pistas fechadas (autódromo) seriam a solução. Em 1950 começaram a aparecer as primeiras notícias da construção de um autódromo, antigo desejo de piloto e aficionados.

Segundo recortes dos jornais: “A Noite”, “A Manhã” e “Correio da Manhã”, de 1950 e do Rio de Janeiro, haviam planos de construção de um autódromo em Deodoro em 1951.
Segundo eles, o Cel. Sylvio Américo Santa Rosa, que na época era do C.N.D. (Conselho Nacional de Desportos), que corresponde hoje à Secretaria Nacional de Esportes de Alto Rendimento, do Ministério dos Esportes, e vice-presidente do A.C.B., anunciou durante um almoço de confraternização a construção em 1951 de um autódromo no bairro de Deodoro, na cidade do Rio de Janeiro. Para vocês verem como essa história de Deodoro é velha!
Nada aconteceu! Mas passados uns anos o assunto do autódromo voltou a ser cogitado.

1953 - Foi João Ruiz Parkinson, membro do Conselho Deliberativo e presidente da Comissão Desportiva, que com sua formação de contador e experiência como corretor imobiliário, idealizou e organizou a Vila Automóvel Clube em uma área que o A.C.B. comprou ao redor da que o presidente do A.C.B., Gal. Sylvio Américo de Santa Rosa conseguiu por doação de Adriano Mauricio de Almeida, em Adrianópolis, região de Nova Iguaçu, para a construção de um Autódromo, antiga aspiração do clube.

O "GP Cidade do Rio de Janeiro", tradicionalmente realizado na Gávea, enfrentava dificuldades para ser realizado pois os dirigentes do A.C.B. solicitaram ao prefeito Negrão de Lima locais para realização da prova no final do ano que contaria com a presença de pilotos internacionais. A Quinta da Boa Vista e a Praia de Botafogo, foram vetados. A primeira por se tratar de um parque de uso público em vias de restauração, a segunda por ser uma artéria de ligação com grande tráfego que não podia ser fechada ao público. A prova acabou acontecendo em janeiro de 1954 na Gávea mesmo.
Cidades como Rio de Janeiro e São Paulo já eram metrópoles, tornando a realização de corridas de automóveis pelas ruas em um evento perigoso e inadequado às novas necessidades e aspirações da população, além da complexidade de sua organização.
De 1954, última corrida na Gávea, até1966, inauguração do autódromo de Jacarepaguá, as corridas passaram a ocupar diferentes locais da cidade. Distantes dos centros urbanos os: Circuito da Barra da Tijuca, da Ilha do Fundão ou Cidade Universitária e Subida da Estrada de Furnas, passaram a ser os locais escolhidos para as corridas pois impactavam menos a rotina da população. Outras localidades, como a região do estádio do Maracanã e o Aterro da Glória também eram utilizados como locais de corridas.

1954 - O projeto do “Autódromo de Adrianópolis”, publicado em uma revista de outubro de 1954, era um alento para os automobilistas depois do fim do Circuito da Gávea e das precariedades das corridas na região do Maracanã. O plano era construir o Autódromo, um clube de campo para os associados e a Vila Automóvel Clube para ser loteada, vendida e assim financiar as obras do autódromo.

Recebida a doação do terreno começou o trabalho coordenado por João R. Parkinson, que consistia em abrir as ruas do loteamento, providenciar o melhoramento das estradas de acesso e as pistas do autódromo propriamente dito.
Anunciava-se que o autódromo teria nove pistas diferentes, restaurantes, boas arquibancadas e estacionamento, além de um Clube de Campo.
Era a esperança para mudar o rumo do automobilismo carioca.

Em 17 de setembro de 1954 foi lançada a pedra fundamental da Vila Automóvel Clube em uma cerimônia que contou também com a inauguração de um trecho da estrada que ligaria a Rodovia Presidente Dutra com a vila pelo então governador, Alm. Ernani do Amaral Peixoto, na presença de inúmeras autoridades do governo, jornalistas, toda a diretoria do A.C.B. e pilotos. Foi servido um almoço à comitiva.

O entusiasmo era grande com o autódromo, já se cogitava inclusive realizar em dezembro um rallye partindo da sede do A.C.B. até o Autódromo, com direito a churrasco, uma volta na pista e sorteio de um lote na Vila Automóvel Clube.
Dizia-se que pilotos uruguaios estariam interessados em participar. Mas a corrida não se realizou e foi transferida para janeiro

1955 - Nas eleições do A.C.B. o Cel Sylvio Américo de Santa Rosa foi reeleito, e, entre outras mudanças convidou Segadas Viana para substituir João R. Parkinson na presidência do Departamento Esportivo, que assim ficava livre para tocar as obras do autódromo:
“... vamos realizar, assim, o antigo sonho do presidente, cel. Santa Rosa, desde os tempos em que era presidente da Comissão Desportiva. Num terreno avaliado em 50 milhões de cruzeiros que nos foi doado pelo conselheiro Adriano Mauricio de Almeida estamos construindo a Vila Automóvel Clube e o autódromo, sem qualquer subvenção oficial, apenas com recursos provenientes da venda de áreas.” - O Jornal - RJ (23/03/1955)
O rallye foi transferido para janeiro de 1955, e novamente não foi realizado, ficando sem previsão para ser realizado. Ficou só na a intenção.
O ano  passava, os problemas persistiram, e o autódromo não tinha suas obras bem explicadas. Mas para Parkinson ia tudo bem:

A Imprensa sempre se referia às obras com adjetivos elogiosos, talvez seguindo os releases passados pelo Automóvel Clube e não por observações "in-loco". Só que as obras pareciam não avançar. Alguns jornalistas até começaram a questionar e a fazer chacota.

Em meados de 55 foi organizada uma caravana para uma visita "in-loco" para que jornalistas e pilotos pudessem acompanhar o avanço das obras. Até então não se tinha noção da grandeza da obra ali realizada. Partindo de um terreno montanhoso e coberto de matas, para criar-se a Vila Automóvel Clube foi preciso abrir-se as ruas e demarcar-se os lotes, criando assim o loteamento. Depois preparou-se a área do Clube de Campo e o autódromo. A venda dos lotes não revertia toda para as obras do autódromo, parte ia para o proprietário, parte para o Automóvel Clube e parte para as obras do autódromo.
"A caravana petropolitana ficou entusiasmada com o que já está feito e nós conseguimos verificar que uma pequena cidade se ergue em torno do Autódromo, graças, em grande parte, ao governador Miguel Couto Filho, que isentou de impostos, durante o período de dez anos, as industrias que se instalarem no local. Resultado: as áreas a elas destinadas já estão todas tomadas.
Trabalha-se sem cessar e o Autódromo vai surgindo aos poucos. Já há uma pista que, com poucos meses mais, estará inteiramente pronta..." - Diário da Noite (RJ) - 21/06/1955
Parkinson dizia que de tão adiantadas iam as obras iria realizar ainda em 1955 provas no autódromo (em terra), e sua inauguração oficial com a pista pavimentada, seria em 1957 com uma prova de nível internacional. Para custear a pavimentação da pista ao Automóvel Clube iria lançar, só dependia de aprovação dos órgãos competentes, uma campanha chamada "Lajeota". A mesma campanha seria aproveitada para dar ao povo o direito de votar e escolher um nome para o Autódromo.
Não consegui informações se a campanha foi aprovada e lançada, e se foi, qual seu resultado.
Em junho Parkinson foi à São Paulo mostrar aos paulistas os planos e projetos do Autódromo de Adrianópolis:
"Esteve em São Paulo o sr. João Parkinson, ex-presidente da Comissão Nacional de Automobilismo, idealizador e administrador Geral do Autódromo de Adrianópolis..." - Diário Popular (SP) - 21/06/1955

1956 - A realização da corrida "Mil Milhas Brasileiras" no Autódromo de Interlagos (SP), substituiu o Circuito da Gávea como a maior corrida do calendário nacional, embora não tivesse a mesma importância, afinal não era uma prova internacional e era de uma categoria regional das Américas.
Foi conseguido junto ao governador Miguel Couto Filho a isenção de Impostos de transmissão de propriedade inter-vivos para a área doada ao Automóvel Clube, notícia divulgada como sendo de grande ajuda.
Parkinson promovia vez ou outra churrascos no Autódromo e abria visitação todo final de semana, mas a frequência era pequena, faltavam principalmente os pilotos.
As comemorações do 49º aniversário do A.C.B. foram iniciadas pelo clube com uma festa no Autódromo, ainda em 1955, e encerradas em 1956 com mais um evento na área das obras do Autódromo, dessa vez com a pista já aberta e franqueada à quem quisesse experimentar.

O verdadeiro encerramento das festividades
Parkinson continuava espalhando esperanças, pela foto abaixo publicadas na revista "Carro a Vista" pode-se ver que a pista ainda estava "crua":
"Temos pouca gente trabalhando e numero relativamente irrisório de operários. Mas vamos indo a passo firme... o empréstimo das máquinas que nos foram prometidas pelo governador...possibilitar a realização de sensacional prova internacional em 1957." - Diário da Noite (RJ) 30/04/1956
Em seu pronunciamento na XVI Assembléia da FIAC (Federação Internacional de Automóveis Clubes), realizada no Chile, o Cel. Santa Rosa já sinalizava com a inauguração do Autódromo de Adrianópolis:
"Foi recebida com palmas a informação de que o Automóvel Clube do Brasil faria inaugurar, ainda no próximo ano, o Autódromo de Adrianópolis, com características para figurar entre os melhores do mundo." - O Jornal (RJ) 23/11/1956

1957 - Em fins de janeiro foi realizada uma corrida de motos nas pistas de terra do autódromo e já se anunciava a inauguração definitiva para setembro daquele ano em comemoração aos 50 anos do Automóvel Clube.
Em maio era anunciada para 02 de junho a primeira corrida em Adrianópolis, em terra, ainda chamado de Autódromo de Adrianópolis, uma vez que a campanha para escolha do nome pelo povo não havia acontecido.

A corrida foi realizada e transcorreu tudo bem.
Foi uma inauguração "oficiosa", não oficial, pois a pista ainda não estava asfaltada, e para não levantar muita poeira e também porque as pistas eram estreitas, as largadas foram feitas carro a carro, corrida contra o relógio, não em uma corrida entre os concorrentes.
Foram disputada três provas: Turismo até 1.300cc, Turismo até 2.000cc e mais uma chamada de Categoria Especial para carros de até 4.000cc.
Mas alguns jornalistas ainda continuavam fazendo chacota:

1958 - Foi um ano com poucas notícias sobre o Autódromo, em julho Parkinson "... dirigiu um convite à Comissão Desportiva, extensivo aos volantes e representantes da imprensa para uma visita às obras, já que as pistas já estão delineadas dentro do projeto original..." - Jornal dos Sports (RJ) 20/07/1958.
Esperava-se a presença de 20 pessoas mas só compareceram sete, nenhum piloto, talvez porque na corrida realizada no ano anterior a decepção com a pista estreita e quase sem condições técnicas foi grande e não tenha animado muita gente a comparecer.
Apesar da estrada de acesso ao autódromo ainda estar em péssimo estado os visitantes encontraram "... aquilo tudo completamente transformado. Não há uma única pista modesta e acanhada de há um ano atrás. A pista central com 3.800 metros, está bem adiantada. Dentro de dez dias, mais ou menos, estará concluída a preparação do piso na grande curva..." - Jornal dos Sports (RJ) 25/08/1958
Em São Paulo a notícia que se tinha é de que nas obras poderiam levar ainda um ano para serem concluídas.
"Dentro de um ano, no máximo, estarão concluídas as obras do Autódromo de Adrianópolis..." - Folha da Tarde (SP) 22/06/1958

Foi em dezembro que se voltou a falar sobre a realização de um rallye ao Autódromo, como evento de encerramento do ano. Foi também constituída uma Comissão de Pavimentação do Autódromo, sendo uma de suas funções escolher entre uma pavimentação provisória ou uma definitiva, mais cara. Outra função era encontrar, urgente, formas de financiamento da obra, chegou-se a sugerir "... ser cedido em caráter de arrendamento o autódromo por um prazo determinado em troca do financiamento da pavimentação..." - Jornal dos Sports (RJ) 21/12/1958
Embora as corridas continuassem a ser realizadas estava se tornando quase impossível realizar corridas em circuitos de rua.
"Muito embora a conquista do novo campo de corridas tenha sido recente, bem se sabe que, dentro de dois ou três anos, ou, no máximo quatro, terá que desaparecer o Circuito da Barra da Tijuca para dar lugar ao desenvolvimento, que já se vem fazendo sentir de forma impressionante, a exemplo do que ocorreu com o velho e tradicional Trampolim do Diabo." - Diário da Noite (RJ) 30/12/1958

1959 - Foi realizada uma visita técnica ao Autódromo em janeiro e mais uma vez os pilotos não apareceram para opinar:
"Com a visita de ontem a Comissão designada pelo Coronel Santa Rosa para se desempenhar da árdua missão de conhecer, com exatidão, o custo da pavimentação no Autódromo, entra em fase decisiva a construção do campo de corridas em Adrianópolis, que se arrasta há vários anos... temos verificado um certo desinteresse dos volantes que não se compreende nem se justifica. É que, a nosso ver, os mais interessados na questão são justamente os corredores... nunca se vê um só volante, espontaneamente ou aquiescendo a convite, comparecer ao Autódromo... depois de tudo pronto, e quando não houver mais lugar para qualquer providência, aí aparecerão os que farão suas criticas e apontarão defeitos de todas as maneiras. Tal será inevitável e quem viver verá." - Diário da Noite (RJ) 28/01/1959
Não há indicação em que ano foi lançado esse folheto, mas deve ter sido em 1959 pois já era chamado de Autódromo Nacional de Adrianópolis.
Aqui mostro apenas a capa e contra capa, mas era composto de 9 páginas, incluindo essas.Acervo: Maria Elizabeth Parkinson


Em reunião promovida pelo presidente do A.C.B. para debater o problema da pavimentação e com a participação da Comissão de Pavimentação, Parkinson falou sobre as promessas feitas pelo então candidato à governador, Roberto Silveira:
"- Tenho uma grata notícia a dar... há dias estive com o governador e ele, sem que falasse no assunto, lembrou seu compromisso, afirmando que o saberia cumprir. E demonstrando uma boa vontade acima do esperado solicitou lhe fosse fornecido, com a maior brevidade possível, uma ralação completa do que é preciso em homens e material para apressar a construção do Autódromo." - Diário da Noite (RJ) 06/02/1959
A imprensa sempre lembrava que as estradas de acesso ao autódromo necessitavam tanto quanto ele de pavimentação, pois de nada adiantaria a pista pronta se não fosse possível ter acesso à ela. A inauguração realizada em 1956 pelo ex-governador do estado do Rio, Almirante Amaral Peixoto, se referia apenas à um pequeno trecho no início, depois disso as obras pararam e em 1959 tudo continuava igual.
No dia 23 de fevereiro o arquiteto Sergio Bernardes, autor do projeto, se reuniu em um almoço com os engenheiros que visitaram a obra e ficou acertado dele marcar uns pontos para serem feitas sondagens, e foi também divulgado um primeiro orçamento para a pavimentação: Cr$ 15.000.000,00, ficando também acertado como seria a pavimentação: primeiro: macadame, segundo: cobertura asfaltica e terceiro: a base de concreto.
Sergio Bernardes reafirmou: "será o mais belo autódromo do mundo".
Em 06 de abril foram realizadas eleições no A.C.B. para escolha de novo Conselho Deliberativo, dessa com uma chapa de oposição, "Movimento Renovação", liderada por Manuel de Teffé e Segadas Viana (que havia se desligado da diretoria por ter percebido que nada poderia fazer pelo esporte devido ao regime ditatorial ali imposto). Ambas as chapas apresentavam como uma das propostas o termino do autódromo a curto prazo. Depois de conturbada assembléia venceu a chapa da situação, mesmo depois do A.C.B. ter sido envolvido em investigações de contrabando de automóveis.
Após as eleições Santa Rosa manteve as comissões do Autódromo.
A Comissão Desportiva resolveu marcar finalmente o rallye ao Autódromo, 5 de julho, e ficou acertado de chamá-lo "Rallye Roberto Silveira" em homenagem ao governador que prometera ajuda ao Autódromo, mas essa ajuda estava travada aguardando um relatório a ser emitido por Sergio Bernardes ao DNER e que já estava, em junho, com quatro meses de atraso, com isso não se podia avançar com as obras.
Em 17 de junho saiu a notícia da transferência do rallye para o dia 12 de julho, e novamente não foi realizado, mas tanto Santa Rosa como Parkinson prometiam uma corrida internacional no 20 de dezembro com a pista pavimentada.
Não podemos esquecer que a pista era para ter sido inaugurada em 1957 no cinquentenário do A.C.B., portanto estava 2 anos atrasada. Mas para Santa Rosa e Parkinson estava andando tudo bem...
"... o Governador Roberto Silveira sugeriu a data de 25 e prometeu todo seu apoio à prova, não só dando a partida do primeiro carro como, também, comparecendo ao Autódromo..." - Jornal dos Sports (RJ) 04/10/195

Dessa vez parecia que seria realizado mesmo, tudo foi providenciado. Mas não! O rallye foi mais uma vez adiado, previa-se então 8 de novembro, mas da pavimentação não se dava notícias, em começo de novembro a data do rallye foi remarcada para o dia 22 e finalmente realizado
"Constituiu um dos pontos altos das comemorações do dia de Arariboia, ontem, em Niterói, a largada do "rallye" automobilístico "Roberto Silveira", defronte ao Palácio do Ingá, rumo ao município de Nova Iguaçu onde está localizado o Autódromo Nacional de Adrianópolis, com as pistas já delineadas, à espera da pavimentação..." - Ultima Hora (RJ) 23/11/1959
Na cerimônia de premiação do rallye o A.C.B. "...fez a entrega simbólica da pista ao governador Roberto Silveira, a cujo cargo estará a pavimentação da pista já preparada para receber o piso definitivo... agora podemos informar que todos os tramites preliminares foram concluídos e a firma vencedora na concorrência deverá iniciar os trabalhos segunda feira... o contrato com a firma prevê um prazo de 60 dias para a conclusão dos trabalhos" - Jornal dos Sports (RJ) 03/12/1959
Em dezembro o A.C.B. mudou o nome para "Autódromo Roberto Silveira" em homenagem ao governador que tantas promessas fazia ao autódromo.

1960 - No O Jornal do dia 22 de janeiro saiu uma notícia de que impressionado com a construção do Autódromo o gov. Roberto Silveira prometeu contribuir com a cpavimentação da pista. Como assim? As obras não iam começar em 07 de dezembro e ficariam prontas em 60 dias??
Pois é, em promessa de político só acredita quem quer.
Na elaboração do calendário de 1960 Parkinson prometeu apresentar uma pista pronta em setembro!
Bem, nada disso foi cumprido e a pista ficou lá, parada, sem obras, sem pavimentação e sem notícias.

1961 - Nesse ano não saiu nada na imprensa sobre o autódromo. Mas convém lembrar que desde a doação do terreno em 1953 já se haviam passado 8 anos e o autódromo continuava inacabado.

1962 - A notícia seguinte conseguida foi de uma invasão nas terras do Automóvel Clube: "... o empreendimento, depois da inauguração de uma das pistas, parou em meio, por motivos que não vêm ao caso. A paralisação das obras possibilitou a convicção de que aquelas estariam abandonadas, não só as do Automóvel Clube como as do Country Clube de Adrianópolis e de particulares, motivando sua invasão pura e simples.
Indivíduos armados, comunistas uns, e coisa nenhuma outros... os legítimos proprietários, não obtendo apoio das autoridades estaduais fluminenses, resolveram requerer ao Poder Judiciário a reintegração de posse..." - A Noite (RJ) 28/09/1962
Não há notícias de como isso foi resolvido. As matérias sobre o autódromo não saíram mais.

1964 - A matéria seguinte sobre o autódromo só saiu em 64 na revista 4 Rodas e também saiu uma reportagem muito reveladora no jornal Correio da Manhã:


 1972 - O Autódromo de Jacarepaguá havia sido inaugurado em 1966 com o nome, "Autódromo
Nova Caledônia"  e por questões de especulação  imobiliária foi fechado em 1969, foi preciso muita
mobilização dos pilotos para ele ser reaberto em 1977. Nesse período o Rio ficou praticamente sem
corridas.

Emerson Fittipaldi, que seria campeão mundial na F1, foi em fevereiro com Evânio Galvão, presidente da C.B.A., seu irmão Wilson Fittipaldi Jr. e outros elementos interceder junto ao governador da Guanabara, Chagas Freitas, em prol da reabertura do autódromo.
Em seguida, Emerson, Evânio Galvão e comitiva  foram também falar com o governador do Estado do Rio, Raimundo Padilha, tentar a recuperação e pavimentação da pista do Autódromo de Adrianópolis, ao que o governador respondeu:
"- Não afirmo que começarei imediatamente as obras, mas prometo incluir a construção do autódromo como meta prioritária do meu governo no setor esportivo." - Jornal dos Sports (RJ) 06/02/1972
Em maio os integrantes da Associação Carioca de Volantes de Competição (ACVC) foram apelar ao prefeito de Nova Iguaçu, Bolivar Assunção, para que ele terminasse as obras do autódromo, uma vez que ele vinha sendo utilizado de forma clandestina para corridas. A recém fundada Associação Fluminense de Volantes de Competição (AFVC) também fazia a mesma solicitação. O prefeito colocou maquinas a disposição para acertos na pista e se solidarizou para cobrar do governador o asfaltamento da pista:
"... porém não posso cooperar quanto à pavimentação asfaltica... Proponho-me a integrar a Comissão para uma visita ao Governador Raimundo Padilha, afim de cobrar o prometido quando da visita de Emerson Fittipaldi ao Palácio do Ingá, em janeiro ultimo." - Jornal dos Sports (RJ) 18/05/1972
Mas já em agosto os vereadores começaram a questionar as despesas com o autódromo: "... o prefeito tem coisas mais importantes em que pensar e que o autódromo pertence a particulares que estão lucrando muito com esse especial interesse do chefe do Executivo iguaçuano." - O Fluminense (RJ) 15/07/1972

1973 - Com a pista pronta, mas ainda em terra, a AFVC promoveu em fevereiro uma corrida onde correram, em sua maioria carros VW, sendo que o vencedor foi o Bugre M-150 de Willian Jorge.



Foto aérea provavelmente dos anos 70 - Fonte: Internet (Fotolog)

A AFVC programou o "I Torneio Fluminense de Novatos" com 4 etapas no primeiro semestre de 1973 no Autódromo. O torneio foi realizado, mas depois a pista novamente começou a passar problemas com as corridas clandestinas:
"... a pista do Autódromo de Adrianópolis é de barro e os carros, envenenados, derrapam com uma incrível facilidade. Qualquer dia esse autódromo vai ser notícia, ou por causa dos pilotos temerários ou por causa da assistência, que se mistura aos carros em alta velocidade." - Jornal do Brasil (RJ) 21/08/1973

Google Maps - O mato tomou conta

O que se sabe é que de uma forma ou de outra, com corridas clandestinas, o autódromo "sobreviveu" até inicio dos anos 80, houve algumas corridas de gaiolas, mas organizadas localmente, depois disso o mato tomou conta.

O Automóvel Clube do Brasil teve sua insolvência decretada em 1996 e fechou as portas. Desde então nada se sabe, nem mesmo de quem são essas terras hoje em dia.

O atual Automóvel Clube não é o mesmo clube original, só compraram a marca e atualmente usam o nome Automóvel Clube, não são os donos das terras.
[FIM DA MATÉRIA]

Pois bem, o terreno para o autódromo já tá pronto, só precisa retomar as obras, quem sabe até fazer o layout original. PRA QUÊ torrar milhões em Deodoro (Inclusive com remoção de bombas, já que aquela é uma área do EXÉRCITO) e fazer um circuito do zero quando se pode partir de um projeto já começado faz uma cacetada de anos e terminá-lo?
Adrianópolis agradece.