sábado, 27 de maio de 2023

Um Audi TT para falar sobre democratização do Esporte a Motor

 O canal "Carro de Review" do YouTube, de Belo Horizonte-MG,  usa análise de carros usados para falar de política e outras tretas.

E o vídeo mais recente tratou de um sonho que eu persigo há tempos, a democratização do Esporte a Motor, que é o escopo do Blog Possante.

Sem mais enrolação, assista o vídeo.



domingo, 9 de abril de 2023

Estava planejada uma extensão para o Circuito Centenário!

O circuito de rua mais famoso da História da Bahia seria maior ainda.

Famoso nas décadas de 60 e 80, o circuito de rua do Centenário, localizado em Salvador, na Bahia, teria uma extensão que o espicharia ainda mais. Era umai deia que não foi posta em prática, contudo


 

domingo, 19 de março de 2023

[POSSANTE VIRTUAL] Testando a retrocompatibilidade de ativos do TORCS no Speed Dreams

 Uma das coisas que mais aprecio em um jogo é a retrocompatibilidade. O Playstation 2 vendeu horrores porque, além de ser revolucionário à época, usando DVDs como mídias, ele era retrocompatível com jogos de Playstation 1, o que facilitou a troca do hardware sem precisar abrir mão do software.

E retrocompatibilidade é uma herança de um jogo que é baseado em outro. Um exemplo que estou testando agora, é Speed Dreams, usando ativos do jogo do qual ele descende, TORCS. Ah, se o Automobilista tivesse essa facilidade a respeito do rFactor, teria sido um sucesso ainda mais absoluto do que foi.

Mas esse lance de retrocompatibilidade é mais visível em sistemas abertos, como Speed Dreams e TORCS. Infelizmente, como Speed Dreams é mais avançado que o TORCS, isso faz com que os ativos do TORCS rodem no Speed Dreams, mas o inverso nem sempre é possível, dado a recursos novos no Speed Dreams que estão ausentes no TORCS.

A primeira surpresa foi o fato de Speed Dreams ainda suportar arquivos .rgb, um formato de imagem que não é aberto em qualquer visualizador de imagem, mas pode ser aberto no GIMP e no Photoshop. Isso me permitiu transplantar sem dificuldades um Audi TT de DTM feito para o TORCS. Só faltou mesmo a imagem de preview - O que não é difícil de se fazer. No caso das pistas, precisei mexer um pouquinho no XML (Dá pra abrir no Bloco de Notas), porque o termo "Track" no TORCS foi substituído no Speed Dreams por "Circuit", e adicionar uma imagem de fundo (Cada circuito tem a sua no Speed Dreams), além de adicionar o contorno da pista com o nome "outline". 

Minhas próximas empreitadas serão transplantar categorias (Há a categoria "Historic" no TORCS, mas como eram carros cujos modelos 3D não eram de conteúdo livre, ficaram de fora no Speed Dreams) e robôs. No Speed Dreams, os robôs podem ganhar nomes de pessoas, em vez de se chamarem, por exemplo, "robot 1", "robot 2", etc...

ABT Audi TT DTM e MASLA-Track-05 - Do TORCS para o Speed Dreams

E, assim como no rFactor, minha diversão no Speed Dreams é assistir aos carros correndo sozinhos, já que eu sou uma negação em simuladores de corrida, sem usar um volante. E volantes tão meio caros, ultimamente.


sexta-feira, 17 de março de 2023

[POSSANTE VIRTUAL] Speed Dreams, o simulador Open-Source

 
Este é um mod brasileiro inspirado nos carrinhos de plástico da Bersil.

Pra saber o que é Speed Dreams, primeiro é preciso saber o que é o TORCS. TORCS (The Open Racing Car Simulator) é um projeto que surgiu há um certo tempo, e cujo foco era em ser um jogo modificável que rodasse em sistemas livres (Hoje o TORCS roda em Windows, Linux, MacOS X, AmigaOS, MorphOS e Haiku). O foco do TORCS, com o passar do tempo, mudou para desenvolvimento de inteligência artificial para corridas (No TORCS e no Speed Dreams, são chamados de "Robôs"), e mantinha os gráficos da década de 90.


Este é o TORCS.

Um adendo a respeito dos Robôs: Enquanto que, no rFactor e em outros simuladores conhecidos, o sistema de inteligência artificial fica a cargo do circuito, no TORCS e no Speed Dreams, cada categoria de veículo possui seus Robôs, cujo comportamento pode ser ajustado individualmente para cada carro, inclusive, com ajustes para cada circuito, se assim o desejar. 

Então, um projeto paralelo, com foco em maior realismo gráfico, surgiu, chamado Speed Dreams. Uma característica que se vê de cara no simulador, é que, para evitar tretas de licenciamento, os carros no Speed Dreams têm nomes fictícios, e isso se reflete nos circuitos (Mas nem sempre). Então, Ferrari F360 vira "Cavallo 360", Porsche 996 vira "Boxer 96", Chevrolet vira "Deckard", Honda vira "Murasama", etc.  Os "patrocinadores" que adesivam os carros também são fictícios.

E, enquanto o desenvolvimento do TORCS está parado, sua derivação Speed Dreams lançou esta semana a versão 2.3.0. Os gráficos não são aquele primor comparados com um Project CARS 3, um RFactor 2 ou um Gran Turismo 7 da vida, mas há que se levar em conta que esse é um projeto coletivo, de código aberto, desenvolvido por pessoas que amam jogos de corrida e que não recebem um centavo pra desenvolver o jogo.


O simulador tem versões pra Windows, Linux e MacOs X. Vale a pena dar uma conferida, você pode baixá-lo deste site.



terça-feira, 7 de março de 2023

O layout do cancelado Autódromo de Taubaté (Ou: "Vamos ver se na segunda tentativa dá certo?")

Me lembro disso como se fosse hoje...

Não sei quem foi que esculachou pra caramba o Autódromo de Taubaté, colocando como uma coisa ainda mais ridícula do que a infame grávida da mesma cidade, que ostentou um barrigão insano, dizendo que teria uma penca de filhos, pra no final descobrirem que era só armação... Eu me lembro de que falaram que era o "Autódromo do Sítio do Picapau Amarelo", só sei que foi muito oba-oba e, como na grande maioria dos casos de autódromos anunciados com muito oba-oba, não passou do oba-oba.

Mas o que tem de especial neste layout? Ah, nada.

Exceto que a entidade nebulosa chamada IMSC designou o MESMÍSSIMO layout para o Autódromo que, dizem, será construído em Araçariguama.

CTRL+C, CTRL+V, na cara dura!

Não sei quem está a par disso, mas eu acho que a prefeita de Araçariguama levou foi uma rasteira. E vai virar motivo de chacota por um bom tempo.

Ah, se o Flávio Gomes fica sabendo disso...!

quarta-feira, 1 de março de 2023

O primeiro circuito cancelado do Brasil

 Ates da pista que seria construída pelos Fittipaldi em Limeira, antes do malfadado circuito de Adrianópolis, o primeiro autódromo cancelado seria erguido no bairro de Jaguaré, na cidade de São Paulo, e também seria anterior a Interlagos.

Não seria apenas um autódromo: seria um complexo esportivo completo, com direito a pista de atletismo, piscina olímpica, campo de futebol, "tablado pra jogo de box", e lógico, arquibancadas.

Reproduzo aqui um anúncio da época, escrito no português da época.


 Por algum motivo que me falha a memória, os recursos para tamanha empreitada não foram suficientes sequer para começar as obras, e a cidade de São Paulo só teria uma praça de esporte a motor em 1940. 

Como o Autódromo de Rio Preto, o de Jaguaré seria oval, mas pelo visto seria bem maior.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Me parece que sim, o Circuito Panamericano sediará corridas...

 A pista de asfalto seco (Dry Handling) do Circuito Panamericano. Das sete, esta é a que interessa.

Ao contrário do que eu imaginava (Apesar das minhas ressalvas insistentes), o Circuito Panamericano (Complexo de pistas da Pirelli em Elias Fausto-SP) poderá sediar provas federadas, e não apenas testes e Track Days para filhinhos de papai. 

Se bem que, de competição, só fiquei sabendo de corridas a pé e de bicicleta...

Como a Pirelli é fornecedora exclusiva de pneus de corrida para categorias de renome aqui no Brasil, nada mais justo que torrar uma grana preta para um complexo de testes com sete pistas e mais de um milhão de metros quadrados. E lógico, se for possível gerar uma receita alugando a pista, melhor. A TCR e a Formula 4 testaram seus carros na pista (Preciso falar dessas categorias qualquer dia desses...), e me parece que 2023 vai ter provas rolando no circuito.

Mas, ao contrário dos autódromos construídos para a finalidade de competição, e seguindo o "exemplo" do Velo-Cittá da Mitsubishi, não espere ingresso à venda pra assistir às possíveis provas nesse novo circuito, inaugurado em 2021. Não há espaço para espectadores. Nem mesmo arquibancadas desmontáveis.

Todavia, se houver mesmo provas federadas no Circuito Panamericano, São Paulo se iguala ao Rio Grande do Sul, com quatro autódromos federados, Isso, sem contar as pistas particulares que recebem eventos particulares, como Capuava (Indaiatuba), DIMEP (Itatinga), Haras Tuiuti (Tuiuti) e a futura (Oremos) pista de Tremembé. Nada mau para um estado que, na década de 90, só tinha Interlagos... 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Circuitos de Rua obscuros do Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro

 Caçando por novos autódromos nos dias de hoje, tropecei em mais relíquias do passado.

Antes do surgimento de Interlagos, em São Paulo, aconteceu a primeira e única edição do Grand Prix de São Paulo, com máquinas e pilotos de todo o mundo. Foi nessa corrida que aconteceu o infame acidente de Hellé-Nice que deu muita fofoca e fez surgir um novo nome a escolher pras meninas que nasciam aqui em terras tupiniquins – Sim, o nome "Elenice" deriva diretamente da piloto francesa. 

Essa corrida teve um desfecho tão infame (Pra não dizer trágico - Cinco mortos e mais de 30 feridos) que foram proibidas as corridas em circuito de rua na cidade de São Paulo, lei essa que só foi revogada quando a Indy precisou correr aqui, e não podia correr em Interlagos, pois a Formula 1 detinha direitos exclusivos sobre o uso do traçado.



Outro circuito obscuro que eu encontrei, mas do qual não tenho mais informações além do desenho do traçado, é o circuito da Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.



Mais detalhes sobre o Autódromo de Rio Preto - Aquele que surgiu ANTES de Interlagos

Deste site, eu trago mais informações a respeito do Autódromo, os eventos ocorridos nele e, o principal: Seu formato e medidas. 

(...) O primeiro autódromo brasileiro com um circuito exclusivo para competições de esporte a motor teria sido construído em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, em 1926, 14 anos antes da inauguração de Interlagos.

Na conversa no podcast do Projeto Motor sobre rali e o livro, publicada em janeiro de 2022, o próprio autor do capítulo, o jornalista Luiz Alberto Pandini, confessou que ficou surpreso quando descobriu a existência dessa pista.

“Isso derruba aquela informação que todos nós conhecemos que Interlagos foi o primeiro autódromo do Brasil”, disse Pandini. “Eu fiquei espantadíssimo”, completou.

Utilizando o relato como gancho, o Projeto Motor resolveu buscar mais informações sobre o autódromo de Rio Preto. A história da pista, pouco conhecida nacionalmente e até mesmo nos meios do automobilismo, tem registros importantes na cidade de Rio Preto, tanto em jornais da época quanto em livros sobre a cidade.

Pesquisamos em publicações, conversamos com historiadores e fomos até São José do Rio Preto para conhecermos mais sobre o autódromo, que muito provavelmente foi não só o primeiro do Brasil como de toda da América Latina. E importante destacar: já existia automobilismo no país, porém, estamos falando de uma pista construída especificamente para o esporte, e não um circuito de rua ou estrada.

Como nasceu a ideia da construção de um autódromo em Rio Preto

O projeto de construir uma praça para automobilismo em Rio Preto foi de Romoaldo Negrelli, um empresário descendente de italianos. Natural de Ribeirão Preto, outra cidade forte do interior paulista, Negrelli foi morar ainda criança na Itália com a família. Na Europa, completou seus estudos, se formou em Ciências Econômicas e ainda lutou na I Guerra, chegando a ter a patente de tenente.

No começo dos anos 20, Negrelli retornou ao Brasil e se instalou em Rio Preto, onde se associou a um tio, Evaristo Negrelli, em negócios de comércio de grãos e café. Em 1922, ele se tornou presidente da Associação Comercial e Industrial de Rio Preto (ACIRP).

Entre as várias ideias e influências que ele sofreu e trouxe da Itália, se destaca seu envolvimento com o fascismo. Ao se envolver na vida política local, ele fundou em 1924 o Partido Fascista de Rio Preto, que tinha ligação direta com o Partido Fascista Nacional italiano. Um ano depois, ele foi novamente até o país europeu para receber do próprio Benito Mussolini o título de “Cavalieri della Corona”.  

Em sua bagagem, porém, também vieram outros costumes da Europa. Enquanto esteve fora do país, ele teve contato com automobilismo e, de volta ao interior de São Paulo, acreditou que o esporte a motor poderia ter impulso na região. E assim, em 1925, ele decidiu liderar a empreitada de construir o primeiro autódromo com propósito exclusivo para corridas de carros do Brasil.

Negrelli conseguiu uma área de 42.500 m² na fazenda do amigo Cel. Vitor Brito Bastos. O circuito ficaria localizado onde hoje fica a Rua Bernardino de Campos, região central da cidade de Rio Preto.

Segundo a edição de 19 de agosto de 1926 do jornal “O Município”, naquela semana, Negrelli entrou com um pedido de concessão na Câmara de Rio Preto. Porém, a construção já teria começado muito antes, com notícia da edição de 1º de novembro de 1925 da mesma publicação anunciando que as obras do equipamento já estavam caminhando.

O terreno foi limpo utilizando cavalos e arados para retirar a vegetação, fechado com um cercado e teve instalada infra-estrutura para receber público e até mesmo realizar eventos fechados como festas sociais. O responsável pela obra foi José Bignardi, engenheiro-chefe do Serviço de Topographia e Calçamentos de Rio Preto.

A pista tinha mil metros de extensão com largura aproximada de 15 metros e foi aplainada de forma a seguir especificações técnicas internacionais. O Projeto Motor não conseguiu uma confirmação exata do desenho do circuito, mas por desenhos informais e alguns relatos de provas publicados nos jornais da época, além do fato do traçado ser bastante curto, é muito provável que se tratava de um circuito oval. Até porque é possível verificar na programação que a pista também era utilizada para provas de turfe.

Anúncio das obras do autódromo de Rio Preto
Anúncio das obras do autódromo de Rio Preto (Reprodução/Jornal O Município

Em um segundo momento, já com o autódromo em funcionamento, chegou-se, inclusive, a se estudar uma parceria entre o autódromo e a Sociedade Hyppica de Rio Preto, que negociava participar da administração do equipamento, como foi relatado na edição de 19 de abril de 1927 do jornal “A Notícia”.

A informação sobre o autódromo chegou aos grandes centros do país, ganhando manchetes principalmente na capital paulista. O jornal Estado de S. Paulo publicou em 21 de agosto de 1926 que “segundo notícias de Rio Preto, deu entrada na Câmara Municipal daquela cidade um requerimento pedindo a concessão para ali ser construída uma pista para corrida de automóveis. Os trabalhos de construção desse autódromo, localisado (sic) em um dos mais bellos pontos da cidade próximo ao campo do Rio Preto E. C. foram já iniciados.”

Inauguração e movimentação da sociedade no autódromo

O Autódromo de Rio Preto foi inaugurado no dia 20 de dezembro de 1926 com uma grande festa e ampla programação de corridas e exposição de carros. As primeiras voltas na pista foram realizadas pelo piloto local de origem italiana Arthur Abrigato, amigo e parceiro comercial de Negrelli em uma empresa de transporte de combustível.

Entre os convidados estavam Conde Matarazzo, que levou uma Bugatti de sua coleção, o industrial Carlos Jafet e o Almirante Antônio Luís von Hoonholtz, mais conhecido como Barão de Tefé, avô de Manuel Antônio de Teffé, um dos principais pilotos brasileiros da primeira metade do século XX.

Pela pesquisa nos jornais da época, é possível perceber que a programação semanal de corridas passou a ser bastante movimentada, se tornando uma espécie de evento permanente das classes mais altas da cidade. Em um de seus relatos sobre os eventos, “O Município” descreve os domingos no autódromo desta forma:

“Tarde explendida. Tudo que Rio Preto tem de chic e na presença de distinctas pessoas da sociedade rio-pretense, ali presentes realisaram-se (sic) provas admiráveis de automobilismo, corridas de cavallos, corridas de charettes sempre debaixo do maior enthusiasmo do nosso público.”

No carro à direita, uma Bugatti, Romoaldo Negrelli e Arthur Abrigato posam no circuito de Rio Preto
No carro à direita, uma Bugatti, Romoaldo Negrelli e Arthur Abrigato posam no circuito de Rio Preto (Reprodução/Livro “São José de Rio Preto de A a Z”)

As provas normalmente levavam os nomes das marcas dos carros como “Fiat” ou “Ford”, sendo que em algumas delas eram realizados desafios entre os modelos de montadoras diferentes como “Fiat vs Oldsmobile”. Os vencedores ganhavam medalhas de ouro, normalmente concedidas pelo próprio Romoaldo Negrelli.

Mulheres tinham alguma frequência na participação. Em uma das que ganhou mais destaque foi o duelo entre Mariinha Jorge e Rosalinda Negrelli, que aconteceu em 27 de fevereiro de 1927. Com o triunfo, Jorge acabou conquistando o título de “rainha do volante de Rio Preto”.

Na semana seguinte, a campeã recebeu um novo desafio, de Amelia Scaf, que utilizaria um Oldsmobile de seis cilindros contra o Ford da adversária. Segundo o jornal “O Município”, a vencedora ganharia até mesmo um prêmio em dinheiro da fabricante do carro vencedor.

Outro duelo que mexeu com a cidade foi entre o Bugatti de Negrelli e o Dodge do Dr Masbarfer, que tomou as manchetes dos jornais em agosto. Os dois carros foram conduzidos por 100 voltas no pequeno circuito de Rio Preto, com o Bugatti vencendo a prova com uma vantagem de seis voltas. Estes tipos de duelos diretos entre dois competidores aconteciam com alguma frequência no circuito e eram chamados pelos jornais de corridas “à americana”.

Não existe muita dúvida que o autódromo se tornou um sucesso, sendo descrito pelo “A Notícia”, em março, apenas três meses após a inauguração, como “o principal ponto de diversão em nossa cidade”. O furor foi tão grande que Negrelli e Abrigato chegaram a fundar a Associação dos Chauffers de Rio Preto, incentivando mais pessoas da região, incluindo cidades como Taquaritinga e Jaboticabal, a participarem com seus modelos das provas.

Em 20 de julho de 1927, o autódromo foi rebatizado com o nome de Carlos Campos, que foi governador do estado de São Paulo de 1º de maio de 1924 até o dia de sua morte, em 27 de abril de 1927.

Iluminação para recorde de resistência

Um evento que chama a atenção na história do autódromo de Rio Preto é da tentativa de recordes de resistência realizadas pelo piloto descrito como Dr Masbarfer. É possível conferir diversas citações ao episódio em todos os jornais da época durante as semanas que antecederam o acontecimento.

O Dr Masbarfer utilizou um modelo Dodge para tentar percorrer 1.500 milhas de forma ininterrupta. Durante o percurso, seriam medidas suas médias para os recordes nas marcas dos 500 Km, 500 milhas, 1.000 Km. 1.000 milhas, 1.500 Km e 1.500 milhas.

Largando às 11 horas da sexta-feira, 29 de julho de 1927, para conseguir completar toda essa quilometragem, o Dr Masbarfer precisaria atravessar a noite. Por isso, foi providenciada iluminação artificial em toda a trajetória da pista para ele enxergar o trajeto.

No sábado de manhã, os jornais “O Município” e “A Notícia” publicaram as parciais do ritmo do piloto até o fechamento de suas edições na tarde de sexta. No começo da semana, foram publicados os resultados, com o novo recorde brasileiro e sul-americano para os 1.000 Km.

Registro no jornal "A Notícia" do suposto recorde do Dr Masbarfer
Registro no jornal “A Notícia” do suposto recorde do Dr Masbarfer (Reprodução/A Notícia)

Fim abrupto do autódromo de Rio Preto

Apesar do enorme sucesso, o autódromo de Rio Preto durou pouco mais de um ano. Em 1928, Negrelli adoeceu e voltou a Itália em busca de tratamento médico. Ele acabou morrendo pouco tempos depois, em 23 de novembro de 28, no Sanatorio Europa, em Trento.

Proprietário da área onde se encontrava o autódromo, o Cel. Brito Bastos não teve interesse em dar continuidade à administração do circuito e o circuito teve suas atividades prontamente paralisadas para sempre.

O automobilismo brasileiro e no interior de São Paulo continuou crescendo até receber um novo empurrão decisivo em 1940. Após diversos projetos e tentativas frustradas, a capital do estado finalmente inauguraria o autódromo de Interlagos, que na data de hoje é um dos mais antigos do mundo que mantém suas atividades.

NOTA DO ONDASHIZ: Alguém se prontifica a fazer essa pista (Um oval curto de terra) pro rFactor?

Pra sobreviver, a pista de Franca mudou seu nome... E seu propósito.

 


Era uma vez um club track chamado "Speed Park", surgido na cidade de Franca (SP). Nele eram realizados eventos legais como a tradicional corrida "Pé na Tábua", com calhambeques, e o "TT (Tira-Teima)" com motos clássicas. Também tinham provas de arrancada, drift, além de automobilismo  e motociclismo regional.

Mas aí, apareceu outro "Speed Park"... Um investimento milionário, um kartódromo de nível internacional padrão FIA, na cidade de Birigui (SP). O kartódromo era tão extenso que, se fosse um tiquinho mais largo, seria outro club track. Com foco no kart profissional e nas provas de arrancada, este Speed Park virou "O" Speed Park, ofuscando a pista de Franca e resultando em seu fechamento temporário. As provas tradicionais, como o "Pé na Tábua" e o "TT (Tira-Teima)" migraram pra outro lugar: O Autódromo DIMEP, pista de corrida particular de Dimas de Mello Pimenta, em Itatinga (SP).

Hoje, a pista, que reabriu uns anos atrás, tem outro nome - SPEED RACE FRANCA - e estreitou e muito seu leque de abrangências, restringido-se tão somente às provas de arrancada.

Porque, parece que na cabeça do brasileiro, automobilismo é só isso. Que desperdício.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Enquanto isso, em Tremembé...

 

 

Na região da Serra da Mantiqueira, na cidade de Tremembé, está se erguendo - Sem alarde, como sempre - um novo circuito. 

Mas, deixando o oba-oba de lado, a última notícia relevante acerca dele data de 2021. 

O circuito fica bem perto do Race Valley, a pista de arrancada da cidade, o que levanta a suspeita de que sejam do mesmo dono. Promete ainda um kartódromo e, como os autódromos mais recentes, é mais um daqueles "clubes privativos" pro pessoal cheio da grana acelerar suas Ferraris, Lamborghinis e Porsches. Ou seja: Não será uma espécie de "Interlagos da Serra" para qualquer dono de Gol Quadrado com kit turbo padaria moer asfalto nos track days da vida.

(Bom, esperar o quê de um autódromo erguido na cidade auto-considerada a "Suíça Brasileira", e vizinha de Campos do Jordão?)

Eu tava até entusiasmado com o projeto, mas pretende ser um novo Thermal Club ou um novo Monticello Motor Club ou, num caso local, um novo Haras Tuiuti, e não um autódromo federado como o Velo-Cittá ou o Autódromo de Curvelo. Não posso esconder que estou decepcionado.

Resta a esperança de Chapecó que, seguindo os passos de Piracicaba (Que também começou como curcuito de terra), tem previsão para ser inaugurado no terceiro ou quarto trimestre deste ano.

E rogo a minha praga, que o Autódromo da mantiqueira tenha o mesmo destino do NOLA. que, pra poder sobreviver, precisou abrir sua pista pra federados e a galera mais pé-de-chinelo. Essa ricaiada tá muito folgada pro meu gosto.