sexta-feira, 29 de março de 2013

O que deu errado na Fórmula 3 "sul-americana"?

Não é novidade pra ninguém, a Fórmula 3 "sul-americana" (Coloco entre aspas porque, a bem da verdade, só corre no Brasil e só tem pilotos brasileiros de uns tempos pra cá) anda mal das pernas. E quando eu digo mal, eu digo MAL.
Corremos sério risco de ver a principal categoria de monopostos do Brasil ir pro vinagre de vez!
O que foi que deu errado?
Bom, eu posso aqui dar os meus dois centavos, na opinião de (possível) espectador, ou seja, na opinião de quem não é "do ramo", apenas um entusiasta que gosta de corridas e vê na F-3 um celeiro de futuros campeões da F-1 e da Indy.

Primeiro, a F-3 é CARA. CARÍSSIMA. Além de ser a mais forte dentre as F-3 de todo o mundo, também deve ser a mais cara dentre as F-3 de todo o mundo. E isso sem razão de ser.

Segundo, a F-3 "sul-americana" é "spec" (Um chassi, um motor pra todos). E não era assim na década de 90. E corridas "spec", a bem da verdade, não atraem público. Veja o "sucesso" da A1GP, da Fórmula Superliga e da Fórmula 2 (Aquela dos chassis Williams e motor Audi Turbo). Eram premissas boas? Talvez, mas o "fator Spec" matou as três categorias. A GP2 só se mantém por estar praticamente atrelada à Fórmula 1, e mesmo assim a versão Asia não suportou e teve que se fundir com a versão europeia da categoria. Categorias "Spec" só são boas para fórmulas-base e Gentlemen Drivers, o povo gosta de ver batalha de marcas. Por que acha que a Fórmula Truck faz sucesso?

Terceiro, a F-3 é brasileira, corre em pistas brasileiras, com pilotos e equipes brasileiros, mas o equipamento... Será que não existe UMA oficina no Brasil que saiba mexer com fibra de carbono para fazer chassis? Minelli, Moro, JL, Dimep, MC Tubarão, AC Cars, Techspeed, Próton, Aldee... Será que NENHUM deles seria capaz de mexer com fibra de carbono e fazer um chassi de Fórmula 3? E, mesmo que o chassi tenha que ser importado, tanta fábrica faz chassi de Fórmula 3, POR QUE RAIOS só pode ser Dallara?
(A Formula 3 alemã usa quatro marcas de chassi e muitas usam no mínimo duas)
E quanto ao motor? POR QUE RAIOS temos que mandar os motores serem preparados lá no Berta com tanto preparador de motor que temos aqui? Por que SÓ UMA opção de motor?

Quarto, QUAIS atrativos para pilotos, equipes e público tem a F-3 "sul-americana"? Não dá superlicença ao campeão (E olha que a nossa F-3 é a mais potente do mundo!), não possui espaço decente nas mídias, não atrai patrocinadores de peso, até o site oficial está defasado! Tanto é que o Chile possui a sua própria Fórmula 3, com fabricantes de chassi locais, sendo que os pilotos chilenos poderiam muito bem estar enchendo grid. E nós poderíamos estar com as máquinas rugindo em todo Mercosul e também no Chile.

O problema maior é que a Fórmula 3 "sul-americana" tem os custos de uma categoria top, mas não tem a "consideração", podemos dizer assim, de uma categoria top. Não é tratada como "um dos degraus mais próximos para a Fórmula 1, a Indy, ou o raio que o parta". É tratada como "Uma competição de filhinhos-de-papai que estão se preparando para disputar esse tipo de corrida na Europa".
Se a FIA desse direito à Superlicença ao vencedor da F-3 "sul-americana", por exemplo, como faz na F-3 europeia, britânica, espanhola e japonesa, com certeza, atrairia mais patrocinadores, chefes de equipe, pilotos e, principalmente, PÚBLICO! E seria, com certeza, SUL-AMERICANA, porque o que iria vir de piloto argentino, uruguaio, paraguaio, chileno... Viria piloto até do Panamá e de Trinidad & Tobago atrás de tentar uma superlicença sem precisar ir à Europa! Viria piloto até de Angola! E com certeza, teríamos aquela gostosa rivalidade "equipes brasileiras contra equipes argentinas".

Mas, para isso, a F-3 vai ter que mudar bastante, a começar pela CODASUR, que teria que cantar de novo no terreiro. Seguem minhas sugestões:
-Permitir novas opções de chassis além da Dallara;
-Preparação de motor a cargo das equipes, sem padronização. Motor pode ser de qualquer marca;
-Ao menos, uma corrida em cada país da América do Sul que possua um piloto e/ou uma equipe, e corridas-exibição nos países onde não houver, para despertar interesse;
-Uma fórmula de acesso, podendo ser "spec" ou aberta, para abrir a competição.
-Pneus devem ser feitos na América do Sul.
-Esquema de isenção de impostos semelhante ao praticado na Argentina, para atrair patrocinadores.
-Superlicença para o campeão da temporada, válida por 12 meses.

Ou algo é feito para mudar a situação da F-3 "sul-americana", ou tal categoria deixará de existir ou se desvirtuará e mudará de nome e regras, perdendo a filiação à FIA.

#prontofalei

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